O legado de um poeta
Autoria: Adriana (Drisph)
Palavras... Preenchimento do vazio – vazio do nada.
Lenitivo de momentos infindáveis de lástimas ou contentamento
O remédio na colher – a cura da solidão.
Palavras que ecoam desabafos; salvam o dia – ampara o probo em passos descalços...
Letras amontoadas na alma; espaço em circundar de sentimentos rebuscados
Letras coordenadas pelo desejo do encontro; ferramentas do poeta
Oficio da serenidade em momentos de oração...
Palavras, quando mudas, presas sem expressão,
Derramam lágrimas das estrelas que cochicham num sussurro ao ouvido
Escuto em silêncio, enquanto a malha preguiçosa da pronúncia
Preenche lacunas; revertendo o inverso – versos aveludados e sonoros
Lei áurea de um escravo solitário; cânticos do benfeitor na ribalta do ser...
Toco a caneta, namorando-a entre os dedos
Encanto-me – efeito translúcido...
Purpurina em folia – meu mundo de Óz.
Eis o preâmbulo remanescente!
O plantio da quimera - esperança ao cuidar dos sonhos...
Regados nem que sejam pelas gotas das lágrimas
Ou, o cativo de felicidade transformista de realizações...
As incertezas que outrora, subiam as paredes assombrando seu martim-pescador
Em boa nova, cantam, retirando pérolas da barra de suas vestes...
Ah! Tornou-se tolo o cativeiro da infelicidade de gaiolas tão bem cuidadas...
As letras não me permitem engolir as chaves de meu descontentamento...
As gaiolas da alma... Quem necessita delas?
O palhaço que não escreve e não tem coragem de chorar sem a maquiagem?
O arlequim sem máscara, caminhando triste entre as pessoas em plena luz do dia?
A criança de pé no chão, que brinca com os livros por não ter ido à escola?
O cego de alma, que não enxerga os seus sentimentos?
Ou, a mim, quando o sonho é incerto, subnutrido da fé – sem o cultivo do amor?
O sonho de um poeta... O paraíso que canta sem voz
O sonho de quem grita, mesmo com as cordas vocais formando tranças...
Quem sonha escrevendo, aprende a ser mais um, como se fosse o único
Inimitável... O próprio mito...
O poeta sonhador transporta barreiras de aço inexorável
Arranca as grades, mesmo que lhe matem, tirando o coração...
Se ainda restar, um fio de inspiração...
A alma estará livre, assoviando a canção que se aprende
No desenhar das letras que coloriu o mundo...
Canção assoviada e continua
De quem não nasceu para parar
Continua sonhando...
Galopando nas ancas dos sentimentos...
Vivendo sonhando...
Sonhando...
Escrevinhando...
Texto e criação de Adriana Vargas de Aguiar, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria
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