segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A chave jogada no mar...


Estou a ponto de me reinventar, apenas para entender o que meus olhos disseram a tudo que há em mim, quando pousou sobre o tudo que há em você.

Um calafrio subindo as costas, brincando entre as ondas quente e frio da louca imaginária que reside em meu ser. A olho nu, imaginei seus glóbulos de sangue, percorrendo por veias que também gostaria de seguir, dia e noite, apenas seguir... 
Imaginei-o de todas as formas, pois somente assim, o sinto, através do que as palavras me servem na bandeja de lascivos que apenas cantam baixinho, uma canção que me acalma a medida que desenho nas paredes, a imagem santificada do seu olhar.
Imaginei a possibilidade de existir uma cicatriz na pele que conta alguma história; a curva cavada no meio de suas costas no banho, molhando  a vasta tez que gostaria de sentir a textura, antes ou depois de ter algum dia caído em arame farpado; se ainda não aconteceu; deitá-lo sobre meu corpo para protegê-lo antes de dormir... Sentir olhando; olhar sentindo, me perdendo em olhos tão magnetizantes pousados, cílios sobre cílios... Aos poucos, adormecendo das desgraças do mundo.
O vasto vazio que fica, enquanto você dorme, é algo semelhante ao ferimento que faria em mim, um animal que me dilacera, correndo suas garras de aço por minha pele, deixando marcas severas de propriedade... Seus olhos quando dormem, escurecem o mundo.
O mar que são seus lábios; boca sedenta de coisas inimagináveis... Mesmo quando me calo... Posso ouvir a minha voz buscando pelas chaves no fundo do mar; estão lá; protegidas de pessoas como você, que ao entrar pelas cavidades em território de terras dominicais, que são minhas, poderá fazer-me entregar-lhe não e tão somente o meu ouro, sobretudo, a alma que recém construída para me trazer a paz.
Não senti os lábios que tem a sua boca, mas conheço-a, como se pudesse sentir sua língua e saliva; os seus desfiladeiros; vales; o céu corrugado; as muralhas que sinto apenas o desejo de me reencostar para contar pequenos segredos...
O mar... As chaves tragadas... Os olhos convincentes...
Isso é tudo que diz respeito a você.


TEXTO DE ADRIANA VARGAS DE AGUIAR 




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Texto e criação de Adriana Vargas de Aguiar, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.


2 comentários:

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Adriana este texto é uma reflexão maravilhosa, muito belo,parabéns beijos Luconi

Penélope disse...

Olá, gostei demais de passar por aqui e poder ler o texto da Adriana que me segue, mas que não consigo acessar as páginas dela, pois o link que ela me mandou aparece como quebrado.
Assim, se puder me orientar em como posso encontrar o site dela eu agradeço, uma vez que ela acompanha as atividades do meu blog e eu gostaria de acompanhar as atividades dela também.
Abraços.
Já estou por aqui e voltarei mais vezes.

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