Mais um dia olhando o Rio Baté, ou o que sobrou dele. Antes podia medir e perceber que diminuía seu volume de água. Seu nível estava baixando, via que a cada noite e a cada novo nascer do Sol, mais seco ficava. Antes era possível ver o brilho amarelo alaranjado do Sol, iluminando a ondulação causada por algum vento, ou barco. Não passa mais nenhum barco a bastante tempo, apenas o vento continua, mas sopra apenas pó sobre o que restou. Os peixes brigam por um pouco de água e encalham. Antes era possível pescar, agora basta pegar o peixe pelo dorso exposto, ele nem foge. Servir de alimento talvez seja a redenção. Antes era possível nadar, hoje mal dá para afogar nas águas barrentas. Antes era possível mergulhar, hoje, mal dá para atolar o pé ou tomar banho. Para onde está indo o Rio Baté?
Luiz Manuel mora em meio há um amontoado de palafitas, que nem de longe se parece com o que já foi. Hoje não há água que justifique uma construção tão longe do solo. Ali já foi um brejo, abastecido pelo Rio Baté, onde viviam várias famílias, inclusive a dele. Somente ele, teimosamente insiste em ficar. Quando vem a chuva, rega e faz crescer a alegria, que dura de cinco a seis meses, para voltar tudo à seca, devolvendo a melancolia.
Homem rude, Luiz Manuel não é de se entregar, está com 53 anos e sempre teve que trabalhar muito para conseguir o que queria. Ainda lembra dos barcos saindo para pescar, uma agitação só. Foi com 7 anos, quando saiu com seu pai, ainda vivo, para sua primeira pescaria. Foi o fim de sua meninice. Esta lembrança o acordou, aflorando o desejo de lutar pelo seu rio. Saber qual o mal que o ataca. Afinal, um rio como o Baté não seca! Era um mundão de água. Tinha que encontrar uma resposta, haveria de trazer ele de volta...
Continua...
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Texto e criação do autor J.C.Hesse, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.
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