Muito crente nas tradições culturais de seu povo, Luis tratou de acender
alguns archotes feitos com seiva de seringueira, dedicando aos seres que
protegem a natureza. Ao Curupira, para não lhe atrapalhar os caminhos,
criando descaminhos. E à Iara, para que lhe conduzisse até onde poderia
encontrar a água do Rio Baté. Dedicou alguns minutos, pedindo a todos os
outros seres da mata e da natureza, que lhe abrissem os caminhos.
Afinal, quanto mais ajuda, melhor.
Juntou suas tralhas, que nem era muita, um tapete de palha seca para dormir, seu fiel amigo, o facão. Também, sete metros de corda, feita de sisal. E algo que poderia lhe servir a diversos propósitos, a rede de pesca, além de suas inseparáveis companheiras, a machadinha que herdara de seu pai e a faca de fumo. Juntou também o restante do fumo de corda, para enrolar, acender e afastar os maus agouros, não abria mão de seu cigarrinho de palha. Para comer, sabia que poderia contar com a natureza, mesmo assim, levou quatro peixes e as lascas de carne de sua última presa, um jovem javali, tudo seco ao Sol.
Havia ainda uma cabaça com água ardente,
afinal, precisaria de coragem e ali havia alguma. Colocou os apetrechos num saco de couro, amarrou e deixou perto da porta,
sentia-se pronto para sua jornada. E estava realmente decidido, sairia
bem cedo, assim que o Sol iluminasse as palhas do teto de sua morada. A
noite quente, pouco refrescou com a brisa, por mais que soprasse, era o
resultado da falta da água do rio. Já acostumado, Luis dormiu o sono dos
justos, ganhando energia para a caminhada do dia seguinte...
Parte I Parte III
Texto e criação do autor J.C.Hesse, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar, autoria e fonte.
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