terça-feira, 28 de junho de 2011

Quando Eva chorou...



Não sei quem O fez...
Mas Ele fez o natural
E antes de tudo – estava tudo vazio...
Sem cheiro; sem fumaça e sem cores.
Se as águas se traduziram
Bem como o pó da terra em nuances sortidas
Também assim o fez.
No vasto sombrio da escuridão 
Não se vê beleza
Não se vê feiúra... (Neutro)
A lágrima, despercebida...
Apenas escutam-se os pingos torpes caindo ao chão
Brotando tristeza
Decodificando o sentido - falta de... Luz...
Brota-se a luz!
A luz veio resplandecente
Pré-requisito - anti-solidão.
Clareou presumidamente, visão - premunição...
As futuras estradas da razão
Pensadores  do Iluminismo.
As trevas não partiram...
Permaneceram...
Da escolha, nasce o livre arbítrio...
Quer-se o brilho dos corpos luminosos das nascentes solares?
Ou o divã da escuridão de sombras misteriosas?
De uma inspiração – nasceu Eva.
Com seus olhos estranhos
Suntuosa reflexão fora da realidade
Nasceu-se assim...
Com uma paixão móbida
Fomentada por seu estado febril
Solidão e busca
Pluralidade de ser - viver e morrer...
Um dia sonhou com o amado
 Dela... Não se apartou...
Quer dormir para reencontrá-lo
Quer sonhar acordada...
Hipnotizada, levita serena
Inventando gentilezas para recebê-lo...
No seio seu, 
Amando, alimentando - respirando.
Cicerone de um forasteiro
 Madona bandeirante...
Brinca de bússola - quer encontrar o amado
Com os braços abertos
Entrega a alma
Entre esfregões sádicos insaciáveis
Recônditos incandescentes
Dos suspiros de Eva.
Louca...
Ofegante e louca...
 Conseguiu sobreviver.
Ficará de castigo; joelhos em grãos
Confesse os seus pecados!
Castre sua intensidade!
Pervertida... Anjo caído
 Desencaminhada por Yekun
Com as mãos cheias de tintas
Aprendeu a escrever na parede
Sujando a casa... Sujando o céu
Não tem bons modos!
Não se uniforma - traidora dos padrões.
Não nasceu para ser divina
Esbarrou na obsessão (subversão)
Co-autora do oitavo pecado capital... A paixão!
Ausentou-se dos dogmas - apaixonou-se... Leviana!
Criou suas próprias cláusulas pétreas
Liberdade, liberdade...
Cláusulas que se transformam
Quando lágrimas gotejam
Um som triste faz eco dentro do espaço... Vazio.
Ouça-se apenas o som de uma lágrima 
Um trovão!
Insultou a solidão... Blasfemou.
Cuspiu no chão, nos passos seus...
Cansou de olhar para seus pés.
Chora Eva... 
Levanta Eva...
“Não para de sonhar...”



Texto e criação de Adriana Vargas de Aguiar, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

2 comentários:

@Francisquices disse...

Acima de tudo ir em frente... Chorar faz parte, logo depois agente ri. E vem outros planos, outras historias.


Adorei o poema.


^^

amandio sales disse...

Parabéns ta dez o livro! beijos mais beijos mais beijos! compartilho da tua alegria tamo junto e te amo

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