Labirinto de palavras

Se todos os "enfins", resumissem-se em escrever, eu diria... Escrever para mim, é um modo que encontrei para sobreviver... Tenho necessidade plena de cortar o meu ambiente em pedaços digeríveis; escrever tornou-se a extensão de meus sentidos; um sentido que me permite aprender; compreender; aceitar a medida que consigo, integrando os fatos fora de minha ode.

Preciso escrever, do mesmo modo como o cego por trás dos óculos escuros precisa enxergar; escrever logo se transforma na exteriorização do meu aprisionamento.

A minha escrita ricocheteia nas paredes... O labirinto de palavras que se tornam aladas, como sentenças, os ramais que são circuitos fechados e não apresentam saída, constituem os muros do meu confinamento.

Escrevo o meu próprio castelo e ele se transforma numa descoberta assustadora; é perturbador algo de incrustado muito fundo em você... Quando você, através dos seus rabiscos constrói na realidade o seu próprio espelho. Porque nesse espelho você escreve pêlo por pêlo, e poro por poro o seu próprio rosto, e não gosta do que vê. Se quer o reconhece. Quem sou eu? Onde eu estava e quem eu era antes desta época?

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Texto e criação de Adriana Vargas de Aguiar, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.