DOMINGO - DIA DAS POSTAGENS DE NOSSOS AUTORES
POSTAGEM DO AUTOR
CESAR SOARES FARIAS
Aquele Vitelo...
(um dos contos do livro O grande Pajé)
A noite encaminhava-se para um final feliz, com todas as escalas do romantismo sendo rigorosamente percorridas e executadas com uma precisão quase científica. As flores, a caixa de bom-bons, o passeio de carro à beira do Guaíba, as citações de Fernando Pessoa murmuradas caprichosamente ao pé do ouvido... Agora Jean Carlo estacionava o Vectra escarlate em frente ao “Degusta”, restaurante do bairro São Geraldo freqüentado por 8 entre 10 casais de namorados da classe média porto-alegrense.
Vera, ou Verinha como era chamada na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, devota de São Francisco, era uma galega pequenina mas de contornos bem delineados, acabando por atrair os olhares e desejos de Jean, o galanteador conceituadíssimo entre as ninfas da Faculdade.
Tão certo como as uvas colhidas em vinhedos de Bento Gonçalves, após destiladas, vão para as garrafas, as mulheres que embarcavam naquele Vectra para um jantar no “Degusta” acabavam todas, sem exceção, no apartamento nº 203 do edifício 2704, Rua Fernandes Vieira, bairro Bom Fim, mais precisamente no leito do acadêmico de Odontologia.
Após degustar a Carne de Vitelo ao Molho Branco, sugerida com grande entusiasmo e brilho no olhar pelo rapaz, Vera sentiu curiosidade sobre aquele prato tão delicioso que acabara de experimentar na companhia excitante daquele moreno de olhos verdes que acariciava suavemente, sem pressa, as suas mãozinhas. O vinho deixava-a descontraída.
Estavam em uma mesa privilegiada, junto à janela, de onde avistava-se a lua derramando emanações prateadas a refletirem-se no pequeno lago artificial do luxuoso restaurante. Um quarteto de cordas, composto por músicos da Orquestra de Câmara da Ulbra, num brinde aos devaneios amorosos, executava a irresistível “La Barca”. Quando o garçom aproximou-se novamente para encher-lhes as taças ela finalmente indagou:
-- Ai moço, como é que se prepara esse tal de Vitelo? ... Adorei.
-- Bom faz assim, quando nasce um bezerro tem que desmamá ele da vaca assim que começá a caminhá... Aí começa a dá só água pra ele, até fica anêmico, porque assim a carne fica bem branquinha e macia... Depois é só matá o filhote...
-- PLAFT!
A bofetada da galeguinha acertou a face direita de Jean, que corou ao notar, já sozinho, que nas mesas ao redor todos o miravam com sarcasmo.
BIOGRAFIA DO AUTOR
(clique no nome do livro e tenha acesso)
CESAR SOARES FARIAS
Os contos do escritor gaúcho Cesar Soares Farias são de indiscutível riqueza de detalhes, sobretudo aquele que intitula o livro. O Grande Pajé, como poderá observar o leitor, é uma criação grandiosa, que nos remete ao martírio de um Cristo banhado e redesenhado nas tintas da brasilidade. Na sequência, mais outros onze deliciosos contos, estes mais curtos e mais regados de comicidade. Todos levando o leitor a estabelecer uma efêmera relação de cumplicidade com os divertidos e singulares personagens que se sucedem nesse mosaico de "causos" e histórias que podem até ter acontecido com seu vizinho e você não teve tempo ou oportunidade de perceber. Uma questão de olhar. O olhar do narrador reproduz, com sutil singularidade, a caricatura de um Brasil matreiro e policromático, apesar de todas as mazelas. Contar um conto e aumentar mil pontos, é o que o autor faz brilhantemente, pintando palavras com predominância dos tons cerúleos do sul. À medida que as páginas avançam, somos tomados pelas mais diversas e prazerosas sensações, que nos entretêm e nos levam para dentro da obra. Uma obra feita de amor, humor, irreverência e crítica. Um painel onde se misturam, com criatividade, a prosa, a poesia, a música, o cômico e a força dos personagens.
PARCERIAS
DA AUTORA MARLI CARMEM
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10 comentários:
Bom dia! Bom domingo!! Acesse ao blog para conhecer o resultado! Hoje é dia de sorteio!
Beijinhos
Que interessante este livro. Parabéns!
Muito legal, Cesar!
Tadinho do bezerro. Crueldade!
Adorei!
Essa coisa de convidar alguém pra sair, sem saber direito como a pessoa é, corre-se o risco de levar mesmo uma bofetada na cara!
E a vida segue a gente jogando nossas melhores cartas a fim de obter os melhores pontos...
Mas às vezes só o jogo, a companhia se basta...
Muito bem escrito e envolvente, detalhista e convincente!
Adorei o texto, o livro "O voo da Estirpe" é maravilhoso estou lendo... Desejo uma ótima semana. Beijo grande!
Smareis
Boa historia e uma boa semana!
Eu também quase desmaiei quando soube o que era um vitelo...kkkkk
Parabéns ao meu conterrâneo pelo conto e pela obra.
Já estou participando do sorteio de O Voo da Estirpe.
Ótima semana para todos!
Querida Adriana!
Estou passando por aqui para matar saudades suas da qual és uma pessoa que adoro de paixão...nunca mais te vi por ai...por isso que bateu uma saudade...
bjsssssssssssssssssssss
Amada Adriana sigo amando seu belo trabalho.
Chegarei em Maceió por volta do dia 15 de Outubro e voltarei a me comunicar contigo. Quero dois livros teus e como estou fora de minha cidade ainda não tive possibilidade de pedir-te.
Um grande beijo e parabéns a teus trabalhos maravilhosos
César adorei teu conto, você além de nos prender do inicio ao fim, esclareceu para muita gente que não sabe como se obtem carne de vitela, o final foi excelente, está de parabéns.
Adriana este livro o Vôo da Estirpe eu tenho que ganhar, amei a sinopse, vou ficar torcendo e muito, beijos Luconi
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