segunda-feira, 21 de maio de 2012

Diligência - Quando o amor é maior


A pedidos, dou sequência ao texto "Diligência", postado anteriormente. Boa leitura à todos.

Uma diligência aponta na entrada da cidade. O delegado põe-se de pé, apaga o cigarro na palma de sua própria mão e caminha até o meio da rua poeirenta e aguarda. A rua, antes cheia de gente caminhando por ela, agora é um deserto. É possível ver portas se fechando e dezenas de pares de olhos aparecendo. Cada fresta, se torna os olhos da cidade. O medo é uma ave a planar em meio ao pó e ao calor daquele lugar.

Com a mão sobre a coronha de sua arma o delegado olha para os lados e seus subordinados, os únicos que não saíram correndo, sacam suas armas, enquanto outros levantam suas espingardas. Bastará um sinal para que uma chuva de balas caia sobre a diligência, os segundos se arrastam.

É a diligência da cidade, está de volta, mas era para estar em uma viagem de pelo menos dois dias até a capital. A diligência para e é encoberta por uma nuvem de pó, o cocheiro desce e caminha trôpego. Aos poucos a nuvem de poeira vai sumindo, o homem está apoiando o braço contra o abdome, estaria ferido? Algo não está certo, havia duas parelhas de cavalos e agora só haviam dois cavalos. Estavam apenas amarrados, puxando a diligência. Poeira, calor, suor e nervos à flor da pele.

_ Fique onde está! - Ordena o delegado.
_ Fomos assaltados! - Fala o cocheiro.
_ Quem está com você? - O homem tenta respirar fundo, para se restabelecer do cansaço, mas acaba inalando poeira e tem um acesso de tosse.
_ Fala homem, ou não caminhará mais nem um passo! - O cocheiro está tossindo, enquanto aponta para a diligência. O transporte está a dez metros deles.

A porta da mesma se abre, momentos de tensão, armas apontadas na direção da porta da diligência, um braço feminino se apoia na coluna da porta e se projeta para fora. A filha do delegado pisa o chão e o delegado, juntamente com "seus homens" mantém a atenção.

_ Apenas sua filha. - E começa a tossir novamente.
_ Tem alguém com você? - Grita o delegado, para a moça.
_ Só minha sombra! - O sarcasmo faz com que alguns de seus homens sorriam, ou pelo alívio ou pela afronta, difícil saber. A moça passa pelo delegado e adentra a delegacia.
_ Tirem esta diligência do meio da rua e vão procurar o que fazer! Quero dois homens aqui na porta! - Dá suas ordens e entra no recinto, puxando a porta atrás de si.
_ O que houve?
_ Obrigada pa pa i, que bom que perguntou, estou bem sim. - Novamente o sarcasmo.
_ Desculpe filha, você está bem?
_ Que isso papai? Não vou me enganar, sua maior preocupação era o dinheiro.
_ Então, que seja! O que houve?
_ Você foi roubado, simples assim.
_ Quantos eram?
_ Acho que dez ou vinte homens.
_ Não creio que ajam tantos com essa coragem. - Desta vez foi o delegado que usou de sarcasmo.
_ Acredite no que quiser, mas haviam pelo menos dez homens fortemente armados.
_ Não pode ser! - Responde, mas demonstra dúvidas. - Em que direção eles foram?
_ Como vou saber, saíram em todas as direções. Mas algo me deixou preocupada.
_ Falaram algo?
_ Sim! Disseram que estavam pegando de volta o que lhes foi tirado. Pode me explicar o que isso significa?
_ E você vai acreditar em bandidos ou em seu pai? Vá descansar e se acalmar, depois conversamos. - Tentou despistar o pai.
_ Vou acreditar na verdade e espero que meu pai não seja desonesto. - Observa cada movimento de seu pai.
_ Filha, isso é assunto de homens e o dinheiro era fruto de negociações. Agora chega, preciso decidir como vou resolver este problema, vá para casa e descanse. E não diga nada para sua mãe, sabe como ela fica assustada. - A moça nem tem tempo de fazer qualquer outra pergunta, o delegado sai rapidamente.

A moça fica em silêncio, olhando pela janela seu pai se afastar. O vê conversar com um de seus ajudantes e depois dirigir-se para o salão do hotel da cidade. Ela sabe que algo está acontecendo e não é bom, mas não há como fazer nada, pelo menos por enquanto.
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No salão do hotel o delegado encontra o cocheiro e lhe questiona sobre o assalto. Ele explica que não pode ver quantos eram, pois fora jogado para fora da diligência. Depois de um tempo caminhando resolveu voltar. Encontrou a diligência e apenas dois cavalos, os amarrou e voltando para a cidade encontrou sua filha sentada a beira do caminho.

O delegado o acusa de medroso, ameaçando-o e dizendo que estava despedido, pois não conseguiu proteger nem a filha e nem o dinheiro, tão pouco os cavalos da diligência.
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Mais à noite, depois de descansar vai até o salão do hotel. Ao entrar a música para e todos ficam em silêncio, a observam. Ela faz um gesto para o pianista e este inicia a música novamente, recomeça o vozerio. Ela caminha até uma das mesas e se senta, novamente estabelece-se o silêncio. Todos estão olhando em direção da porta, mas de onde ela está não consegue ver de que se trata. Logo ela vê um rapaz surgir e caminhar até o balcão, pedir uma bebida. Ela se levanta e pede que a música recomece, fazendo-se notar, pelo rapaz. Ele caminha até ela.

_ Obrigado! Posso me sentar? - Pergunta educadamente. Ela acena com a cabeça que sim.
_ O que veio fazer aqui? Procurando encrenca? - Fala quase que sussurrando.
_ Este é um lugar livre e até onde sei não é proibido para pobres.
_ Você é petulante, depois do que fez não deveria vir até aqui. Pode acabar morto ou preso! - Adverte a moça.
_ Já estou preso, mas não é por nenhum delegado e sim pelo meu próprio coração.
_ Vá embora! Aqui só terá problemas!
_ Não foi eu quem iniciou o problema e sim o delegado desta cidade.
_ Quem é você? Do que está falando?
_ Eduardo! Eduardo Guará, seu criado e prisioneiro de meu amor por você.
_ Você nem me conhece! Não tem ideia de quem sou! Espera que eu diga o que? Que também estou apaixonada e que vou fugir com você? Não sou adolescente.
_ Você é muito engraçada. Poderia ao menos me dizer o seu nome? - Ele a interrompe, quase se aproximando de seu rosto.
_ Ariene! - Soou um berro, partindo do centro do salão, era seu pai. A garota se levanta.

Um silêncio mórbido novamente percorre cada canto do ambiente. A garota se levanta e corre em direção ao homem, seu pai e delegado da cidade, ele não está só, seus assistentes o acompanham e estão fortemente armados.

_ Farinha do mesmo saco, eu deveria imaginar. Por isso é tão distante das pessoas. Tem razão, nunca poderia amar ninguém! - Ofende o rapaz.
_ Vai engolir cada palavra! - Ameaça o delegado.
_ Não pai, deixe-o, ele já está de saída. - Tenta protegê-lo.
_ Não preciso de sua compaixão, tão pouco de sua companhia, há outras garotas aqui.
_ Viu só pai, deixa ele, não me desrespeitou não.

O delegado a abraça e a leva embora do salão, comanda que seus assistentes o sigam e deixem o rapaz em paz. Eduardo bebe e tenta se envolver com alguma das garotas do salão, mas sua mente insiste em manter a imagem daquela garota a sua frente. Vai embora, bêbado e querendo esquecer o rosto de Ariene, mas se não é o rosto que o atormenta, é o nome dela que ecoa em sua mente.

Já em sua casa, Ariene não consegue pegar no sono, chora sem saber ao certo o porque do choro. Seu coração está apertado, está preocupada com o rapaz. Deitada em sua cama observa a lua cheia.

_ Eduardo... - Ariene murmura e pega no sono. Dorme, embalada pelo som das palavras do rapaz. Ela não percebe mas seu pai está atrás da porta e ouve seu sussurro e é tomado pela raiva, uma raiva de ciúmes.

_ Alguém precisa de uma lição! - Murmura para si mesmo.
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Texto e criação do autor J.C.Hesse, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

7 comentários:

Mia disse...

Um belo texto, mas deixa com vontade de ler mais!
Parabéns!!!

Fabiana Cardoso disse...

Adorei, estava aguardando a continuação! Vou continuar acompanhando esse casal divertido e apaixonante...
abraços
Fabi
www.fabianacardosoescritora.wordpress.com

Ahtange Ferreira disse...

Muito bom me senti na estória.
Gostei mesmo.
Abraços!

Anônimo disse...

Lindo texto de J.C Hesse. A estória é envolvente!

Roxane Norris disse...

Tem continuação, né, J.C. Hesse?? Não pode nos envolver dessa forma e deixar-nos orfãos!
Quero mais!
Parabéns pela escrita.

Roxane Norris disse...

Tem continuação, né, J.C. Hesse?? Não pode nos envolver dessa forma e deixar-nos orfãos!
Quero mais!
Parabéns pela escrita.

Daniele Moreira. disse...

Oi Adriana, tudo bem? *-* Fiz uma CONVOCAÇÃO para todas as blogueiras no meu blog, dá uma olhada e participa, por favor? *-*
http://ogato-leitor.blogspot.com.br/2012/05/convocacao-para-todas-as-blogueiras.html

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