Um banco, rusticamente
talhado em madeira, na beira de um grande lago, o cenário é um clichê. Só que o pefume da região e o clima mudava a alma de qualquer ser que pisasse por ali. É um ponto de
repouso de aves cantoras, que pousavam e cantavam contemplando, ao fundo, uma cadeia de
montanhas. Estas, com as copas recobertas de neve também eram
testemunhas da vida. Assemelhavam-se a enormes montanhas de
chocolate, com cobertura de creme de leite.Sentar naquele banco arrepiava a pele, tantas foram as declarações de amor que ali foram proclamadas. Frases, poesias e declarações ainda flutuavam ali.
À beira do lago,
árvores perfeitamente arranjadas, provavelmente resultado de
reflorestamento. A vida transbordava de dentro da "pequena
selva" que cercava aquele lugar. Era o ingrediente final, quem sentasse no banco ouviria
uma enormidade de sons, eram de pássaros! Um som teimoso, confuso aos menos atentos,
resultado do grande número de espécies que ali se juntavam, mas
também era melodiosamente gostoso. Em alguns instantes o silêncio se fazia
presente e apenas um pássaro, mais teimoso ainda, o cortava com seu
canto, com certeza um Bem-te-vi.
Entre as árvores e o
lago uma enorme casa, provavelmente do século XV ou XVI, com paredes
de pedra, feita certamente para resistir ao tempo. O implacável
tempo! Que nada perdoa e nada condena, assiste silenciosamente o passar das vidas e dos amores.
A casa, com suas paredes parcialmente recobertas por uma espécie de
trepadeira, resistia. Em alguns pontos, aquela ramagem quase chegava
ao telhado, em outros já o havia começado a escalar. Abaixo, possuía uma
pequena varanda, com espaço suficiente apenas para uma pequena mesa,
ladeada por duas cadeiras. Ao longo do tempo esta casa foi,
provavelmente, a única "testemunha" diária e noturna de
tão deslumbrante cenário.
Mas o que se destacava
no meio de todo o verdejante cenário era um pequeno jardim,
recheado de rosas vermelhas. Um vermelho tão vivo que parecia ter
sido pintado ali. E quase no meio deste jardim, protegida por um
exército de espinhos, pendia de um dos galhos, uma rosa branca.
Estava começando a desabrochar. Parecia mais uma intrusa, pois sua
cor branca como a neve era como uma gota de óleo n'água, todas as outras rosas... eram vermelhas, tão lindas quanto a branca. Mas por ser branca, era única, alí.
Da casa, através de
uma janela aberta "alguém a observava", contemplando sua
alvura, assim como também admirava o lago, as montanhas e todo
aquele verde. O olhar, se é que o tinha, partia de dentro de um
vaso, que assim como a casa, pertencia ao século em questão. O olhar
era de uma rosa vermelha, plantada carinhosamente naquele vaso.
Recebia a luz do mundo externo em suas pétalas e quase parecia
sorrir para tudo o que se passava do lado de fora. Daquela posição
o que mais lhe chamava a atenção era o jardim, antiga morada, e
neste jardim a rosa branca.
Contemplava sua beleza e lembrava-se de quando fazia parte daquele jardim. Lembrava-se, com uma deliciosa saudade, do tempo em que o sol da manhã lhe secava o orvalho, que a noite lhe depositava nas pétalas. Do tempo em que as abelhas a visitavam e carinhosamente pegavam seu néctar e em troca a polinizavam. Teve uma vida feliz naquele jardim, ela foi a mais assediada e gostou muito disso também.
Contemplava sua beleza e lembrava-se de quando fazia parte daquele jardim. Lembrava-se, com uma deliciosa saudade, do tempo em que o sol da manhã lhe secava o orvalho, que a noite lhe depositava nas pétalas. Do tempo em que as abelhas a visitavam e carinhosamente pegavam seu néctar e em troca a polinizavam. Teve uma vida feliz naquele jardim, ela foi a mais assediada e gostou muito disso também.
Se sentia feliz, nada
do que se queixar, afinal, tinha água o suficiente e claridade.
Enfim, ficar dentro da casa até lhe prolongava a vida. Tinha orgulho
de saber que só estava ali por um ato de amor, pois fora oferecida
em um dia dos namorados. Fora um presente carinhoso dado à doce
senhora que ali morava com seu amor. Mas o que lhe fazia bem mesmo
eram as conversas que tinha com a doce senhora, era a melhor parte do
dia. Enchia-se de alegria quando a doce senhora sentava-se de frente
com ela e dizia que ela estava cada vez mais bela.
Se fosse possível, ela não saberia como responder, mas tinha certeza de que a doce senhora sabia que ela gostava de ouvir aquelas palavras e as histórias de amor da senhora. Talvez fossem essas palavras amorosas ou a água sempre fresca banhando o seu caule, difícil dizer, mas uma coisa era certa, os dias se passavam e a rosa mantinha-se viçosa, tal e qual o dia em que fora colocada ali.
Se fosse possível, ela não saberia como responder, mas tinha certeza de que a doce senhora sabia que ela gostava de ouvir aquelas palavras e as histórias de amor da senhora. Talvez fossem essas palavras amorosas ou a água sempre fresca banhando o seu caule, difícil dizer, mas uma coisa era certa, os dias se passavam e a rosa mantinha-se viçosa, tal e qual o dia em que fora colocada ali.
Numa bela tarde a rosa
percebeu uma grande agitação no vaso e logo viu a chegada de uma
companheira, uma linda rosa branca e mais que depressa a rosa
vermelha torceu-se e olhou para o jardim. Não viu a rosa branca,
abriu-se ainda mais de felicidade, pois tinha dentro do mesmo vaso
aquela por quem tinha grande admiração. Achava-a linda em sua
brancura sem fim, sentiu que a paz e a paixão estavam juntas, como se fosse possível.
Esperou que as coisas
se acalmassem para iniciar uma conversa e tirar o atraso, papo de
flor entende. Para seu espanto a rosa branca manteve-se de costas
para ela. Pouco tempo depois iniciou um ciclo de reclamações que
pareciam não ter fim. Queixava-se do vaso, da sombra e da falta de
sol, da água e de quando "aquela velha" ficava falando
sobre o amor. Lamentava a distância do jardim e de ainda ter que
dividir aquele "vaso velho" com uma "rosa velha".
Sempre que a rosa
vermelha tentava um contato a rosa branca se torcia em seu caule e
ficava virada para o lado contrário do vaso. Nada a agradava, aliás,
tudo a incomodava. Todo aquele esforço e aquela mágoa a impediu de
desabrochar completamente, logo parecia mais velha que a rosa
vermelha. Suas pétalas foram caindo e foi ficando arqueada. As
pétalas que restavam estavam cada vez mais amarelas e quebradiças,
logo não sobrou nada além de um caule torto e murcho, ela não
resistiu.
A rosa vermelha
lamentou ter acompanhado o fim de algo tão belo, mas percebeu também
que sem amor. O amor incondicional pela vida, nada sobrevive. Chegou à
conclusão que "sem a vida, até a morte deixaria de existir".
Voltou a contemplar o cenário maravilhoso e de vez em quando dormia
embalada por aquela voz doce lhe dizendo que era especial.
Os dias se passaram e
ela também se foi. Ela era especial e lá no jardim ela tornou-se
inspiração para muitas rosas que esperavam poder ocupar o lugar
daquela rosa especial. No fundo, até o lago e as montanhas
compreenderam que a vida daquela rosa foi efêmera e passageira, mas
foi vivida na sua plenitude, tornou-se lenda.
Quando se abre o
coração percebe-se que não é o tempo de vida que vale, mas o que
se faz durante este tempo.
A terça-feira é momento J.C.Hesse, onde coloco minhas postagens e também disponibilizo-o a quem tem algo a dizer.
Quer saber onde fica o meu novo canto virtual? Aqui em J.C.Hesse
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3 comentários:
Olá passando para conferir e gostei muito.
Muito lindo o texto parabéns!
Nossa que inspiração , adorei o texto, me fez refletir sobre as nossas atitudes diante da vida!
Abraços Fabi
Parabéns!
Ficou ótimo como todos os outros que li.
Sucesso!!!
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