É final de tarde, uma moça atravessa a rua e vai para um barracão. Ali vive um velho índio, um dos últimos de sua tribo. Ele conhece a história de vida dos habitantes da cidade e das imediações. A moça quer saber de uma pessoa em especial, explica que seu coração está dividido. O índio começa a lhe contar uma história.
25 anos antes
Dois jovens irmãos, André e Aristeu chegam a região, carregam um sonho comum, encontrar ouro e tornarem-se ricos. De fato encontram ouro e resolvem se estabelecer na região. Aproveitam que o governo estava distribuindo terras para criação de gado e plantação. André é um líder nato e logo isso dá bons resultados. Juntam-se com outros donos de terra e fundam uma cidade, Ouro Novo, justamente para homenagear a descoberta que fizeram.
Um dos irmãos conhece a jovem índia Araí, que tem o significado de "Riacho Doce", filha de Teçá (Olhos Atentos), o chefe da tribo Amana, que significa "Água Que Vem Do Céu". O jovem recebe o nome de Amandy, como forma de aceitação por parte da tribo, significa "Água de Chuva", pois acreditam que ele trará a vida nova. André não aceita que seu irmão se una a índios. Aristeu e Araí querem viver juntos e que todos fiquem em paz, mas não é isso que acontece. Logo os dois irmãos brigam e o casal se vê obrigado a fugir para tentar viver em paz.
Eles não conseguiam viver como queriam, a união trouxe muito sofrimento. Iniciou-se a guerra entre os fazendeiros e os índios, antes amigos. Os fazendeiros subjugam os índios e os tornam escravos, forçando-os a ajudar na construção da cidade e escavação das minas. Um tempo de escuridão para os Amanas.
As luas e as primaveras se sucedem sem nenhuma grande mudança. Então, cinco primaveras depois eles voltam, trazem uma criança. Ela tem o nome de Guaçu e como o próprio nome dizia, "Grande". Um menino forte e já com personalidade forte. Os irmãos se reencontram e tudo parece voltar ao normal, os índios passam a receber pelo trabalho e voltam para suas terras. Então começam a surgir boatos de que a criança libertou o povo dos Amanas. O que não soou bem entre os fazendeiros, que não suportavam a alegria dos Amanas.
E antes que houvessem mais conflitos os dois irmãos fazem um acordo pela paz. Um ficaria com a cidade e o outro com um quarto de todas as propriedades, justamente a parte das terras que não havia uma única mina de ouro a ser explorada. O jovem Amandy aceita o acordo, seria o suficiente para viver com o seu amor e também um bom espaço para que os índios pudessem viver de suas plantações, caça e pesca. Não precisavam de dinheiro.
Mas com o tempo esse acordo criou um outro problema, a mão de obra para continuar a extração de ouro das minas. Os índios passaram a exigir mais respeito por parte dos fazendeiros e estes, por seu lado, ficavam cada vez mais insatisfeitos com o trabalho dos índios. Logo os índios não queriam mais trabalhar para os fazendeiros e vez ou outra eram levados à força para o trabalho, começou novamente a escravidão. Com a mudança do regime de trabalho, veio o ódio.
Na segunda primavera o clima já era insustentável e então houve um dia de paz, seguido de uma noite que seria eterna. Amandy foi morto em um assalto. Todos tinham certeza de que os fazendeiros haviam preparado uma emboscada e tirado a vida do único e maior problema dos fazendeiros. Logo começaram os ataques aos índios e voltou a escravidão. O jovem Guaçu foi levado dali para as montanhas, tinha sete anos de idade. Quinze anos mais tarde voltou para reclamar o que era seu por direito, mas viu sua mãe ser morta da mesma maneira que seu pai, numa emboscada.
Foi deixado no lugar em que sua mãe foi enterrada uma sacola de ouro. Como pagamento pelas terras que eram de sua família e um bilhete. "Vá embora mestiço." Ele só pode concluir que fora seu tio que armou tudo.
Ele até que tentou deixar tudo como estava e seguir sua vida com a tribo, que o adotara. Mas os índios começam a morrer, pelas mãos de caçadores de recompensa, que ganhavam por índio resgatado da tentativa de fugir do trabalho escravo. Os índios que ficavam doentes, diante do trabalho forçado também eram mortos. O local em que os índios vivem é atacado e o jovem rapaz, graças as suas habilidades consegue escapar, juntamente com alguns índios. O seu ouro some e pior que isso, é acusado de ser o responsável pelo ataque e pelo roubo do próprio ouro. Como havia fugido, para sobreviver, não pode lutar por sua defesa. Ele decidiu que era chegada a hora de fazer frente aos ditadores e assalta a diligência que levava o pagamento dos operários das minas. Toma de volta o ouro que lhe haviam tirado e o dinheiro do pagamento, um duro golpe aos fazendeiros. Agora ele é procurado, mas também é o caçador.
_ Guaçu? É este o nome dele? - Interrompe a jovem, trazendo ao presente, o velho índio.
_ Sim! Este é o nome dele.
_ Na verdade é Eduardo Guará! Onde ele está agora?
_ Você o viu, não é mesmo? - Um sorriso irônico estava na face do índio.
_ Não sei! Talvez seja ele.
_ É ele! Somente a verdade toca o coração dos justos. - Aquelas palavras a assustaram.
_ Quem é esse outro fazendeiro? Meu pai pode prendê-lo e fazer com que devolva tudo aos índios. - O Índio abaixa a cabeça.
_ Não pode. O povo Amana não acabou, mas não pode mais se erguer. - Seus olhos estavam marejados.
_ Deve haver algo que possamos fazer!
Um silêncio envolve os dois, o índio a olha, sua boca está trêmula, parece querer dizer algo mas nada lhe sai dos lábios. A moça o abraça, os segundos correm, assim como as lágrimas dos dois. Parecem se entender. O índio se afasta da moça e lhe olha nos olhos novamente.
_ Desculpe!
_ Pelo quê?
_ Sua pureza não lhe permite acreditar, nem entender o que lhe contei na sombra de minhas palavras.
_ Não estou entendendo, de que o senhor está falando. - Ela já duvida da sanidade do velho.
_ Seu pai! - Ela estremece, mas parece ainda não entender.
O índio caminha para perto de uma cadeira e senta, vira seu corpo, inclina-se e puxa uma caixa da parte debaixo de sua cama. A moça se aproxima, em silêncio e vê o índio tirar de dentro da caixa um cocar, símbolo máximo da soberania indígena. Ele o coloca em sua própria cabeça, fica de pé e apesar da idade, ergue os ombros.
Ele até que tentou deixar tudo como estava e seguir sua vida com a tribo, que o adotara. Mas os índios começam a morrer, pelas mãos de caçadores de recompensa, que ganhavam por índio resgatado da tentativa de fugir do trabalho escravo. Os índios que ficavam doentes, diante do trabalho forçado também eram mortos. O local em que os índios vivem é atacado e o jovem rapaz, graças as suas habilidades consegue escapar, juntamente com alguns índios. O seu ouro some e pior que isso, é acusado de ser o responsável pelo ataque e pelo roubo do próprio ouro. Como havia fugido, para sobreviver, não pode lutar por sua defesa. Ele decidiu que era chegada a hora de fazer frente aos ditadores e assalta a diligência que levava o pagamento dos operários das minas. Toma de volta o ouro que lhe haviam tirado e o dinheiro do pagamento, um duro golpe aos fazendeiros. Agora ele é procurado, mas também é o caçador.
_ Guaçu? É este o nome dele? - Interrompe a jovem, trazendo ao presente, o velho índio.
_ Sim! Este é o nome dele.
_ Na verdade é Eduardo Guará! Onde ele está agora?
_ Você o viu, não é mesmo? - Um sorriso irônico estava na face do índio.
_ Não sei! Talvez seja ele.
_ É ele! Somente a verdade toca o coração dos justos. - Aquelas palavras a assustaram.
_ Quem é esse outro fazendeiro? Meu pai pode prendê-lo e fazer com que devolva tudo aos índios. - O Índio abaixa a cabeça.
_ Não pode. O povo Amana não acabou, mas não pode mais se erguer. - Seus olhos estavam marejados.
_ Deve haver algo que possamos fazer!
Um silêncio envolve os dois, o índio a olha, sua boca está trêmula, parece querer dizer algo mas nada lhe sai dos lábios. A moça o abraça, os segundos correm, assim como as lágrimas dos dois. Parecem se entender. O índio se afasta da moça e lhe olha nos olhos novamente.
_ Desculpe!
_ Pelo quê?
_ Sua pureza não lhe permite acreditar, nem entender o que lhe contei na sombra de minhas palavras.
_ Não estou entendendo, de que o senhor está falando. - Ela já duvida da sanidade do velho.
_ Seu pai! - Ela estremece, mas parece ainda não entender.
O índio caminha para perto de uma cadeira e senta, vira seu corpo, inclina-se e puxa uma caixa da parte debaixo de sua cama. A moça se aproxima, em silêncio e vê o índio tirar de dentro da caixa um cocar, símbolo máximo da soberania indígena. Ele o coloca em sua própria cabeça, fica de pé e apesar da idade, ergue os ombros.
Fica claro que ele era o líder da tribo Amana. Ela cambaleia, dando dois passos para trás, em sua mente voltam novamente as palavras de seu pai "Mais uma família que não será mais problema para nós!" e desaba desmaiada, a reveladora verdade. Mesmo com ela caída o índio murmura-lhe algo ao ouvido, enquanto desembainha uma fina faca.
_ Sim querida, sou Teçá, chefe da tribo Amana. Esta ainda vive em mim e minha filha foi morta por seu pai. Assim como o pai de Guaçu, agora a dor será devolvida. - Enfim disse as palavras que não lhe saíram dos lábios anteriormente e ergue a mão, empunhando a faca.
Mas como chegamos a isso? Leia as duas outras partes:
1ª Parte: Diligência
2ª Parte: Diligência - Quando o amor é maior
_ Sim querida, sou Teçá, chefe da tribo Amana. Esta ainda vive em mim e minha filha foi morta por seu pai. Assim como o pai de Guaçu, agora a dor será devolvida. - Enfim disse as palavras que não lhe saíram dos lábios anteriormente e ergue a mão, empunhando a faca.
---------------------------------------------------------------------
Mas como chegamos a isso? Leia as duas outras partes:
1ª Parte: Diligência
2ª Parte: Diligência - Quando o amor é maior
---------------------------------------------------------------------
Texto e criação do autor J.C.Hesse, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.
3 comentários:
Um sótão cheio de lembranças
Escrevi no pó palavras sem nexo
Retirei uma cartola de uma caixa de cartão
E senti ao toque o poder da ilusão
Ilusões…
Um cavalo de pau perdido ao carrocel
Uma estola de um bicho qualquer
Uma escultura talhada a cisel
Uma foto a preto e branco
De uma mulher sem rosto
Uma janela virada para nenhum lado
Uma traquitana a imitar o sol-posto
Terno abraço
Ai Hesse, que maldade terminar assim! Agora vou ter que esperar até semana que vem...torcendo para que o "mocinho-bandido" apareça para salvá-la! Continue escrevendo...
abraços Fabi
Fantástico. Parabéns!
Postar um comentário
Seja bem-vindo!
O sucesso deste blog depende de sua participação.
Comente!