terça-feira, 12 de junho de 2012

Diligência - O Confronto

_ Não!! - Soa um grito desesperado.
A mão fica parada no ar, trêmula, numa luta entre levar à cabo o desejo de vingança ou não ser igual ao homem branco. O velho índio exita, os olhos estão embotados de lágrimas e o corpo da garota está inerte, no chão, é uma fração de segundo que parece levar uma vida inteira. O índio levanta-se e recua até sentar-se na cadeira. Um jovem se projeta para dentro do ambiente, é Guaçu.

_ Porque? - Pergunta o jovem.
_ Porque dói! Dói muito ver a filha de quem acabou com minha filha. - Resmungou o índio.
_ Ela era minha mãe, se esqueceu?
_ Antes de ser sua mãe foi minha filha e viveu como tal. Eu sou um covarde! - Diz isso jogando o cocar ao chão.
_ Você não é covarde! É pai e chefe de uma grande família, os Amanas!
_ Não sou mais um pai e não existem mais Amanas!
_ Sim! Existem, são fortes e corajosos! E ainda precisam de um chefe capaz de mantê-los confiantes. Esperam a sua volta.
_ Seu sangue branco está falando de esperança, mas seu sangue índio sabe que não temos mais para onde ir.
_ O senhor precisa sair daqui e voltar para a natureza, voltar a conversar com ela e ouvir suas sábias palavras. - O rapaz coloca a moça deitada sobre a cama, beija-lhe a testa. Levanta e abraça o índio. Saem da cidade, ele está certo de que evitou a morte de mais uma pessoa inocente.

-------------------------------------------------------------------

Algum tempo depois a garota desperta e demora a entender o que está acontecendo, cambaleia para fora da cabana, e cai. É socorrida, sendo levada para a casa de seu pai. Quis o destino que todas estas vidas se cruzassem de forma tão intrigante. Quando ela acorda vê seu pai debruçado sobre a cama, ao seu lado. Dormia sentado em uma poltrona.

Um pano unido lhe toca a testa, Ariene vira seu rosto e percebe uma das empregadas da casa, está sentada do outro lado da cama, segura um pano umedecido. Esta arregala os olhos ao ver que a garota acordou.

_ Que houve? - Sua voz quase que nem lhe sai dos lábios.
_ Ela acordou! - Diz a mulher. O pai salta da cadeira e segura a mão da filha.
_ Oi florzinha, tá tudo bem! Estamos cuidando de você! Vai ficar tudo bem! - Fala demonstrando preocupação.
_ Como cheguei aqui? - Ainda está atordoada, sabe que não era o mesmo lugar em que estava.
_ Você foi encontrada, desacordada na cabana daquele velho índio louco. - A moça olha inquisidoramente para o pai e esforça-se para levantar da cama.
_ Fique deitada, você ainda não está forte. - Fala paternalmente.
_ Quer parar! - Retruca a moça, já começando a mostrar sinais de recuperação.
_ Sim meu amor, mas é que fiquei preocupado! Achei até que você estava morrendo. Assim como sua mãe. - Falou com os olhos brilhantes, carregados de lágrimas e a voz entrecortada.
_ Talvez eu devesse realmente estar morta, para não ouvir o que eu ouvi! - Fuzilou.
_ Não diga isso! Não saberia o que fazer se algo lhe acontecesse. Você é o que mais importa na minha vida.
_ Não é o que me diz, mas tudo o que faz. Acha que se você for dono de tudo e de todos, se sentirá mais feliz? Acha que as pessoas estão aqui apenas para lhe servir? Não consegue entender que as pessoas querem ser felizes também? O que é preciso para você parar? - Ele ainda não entendia o que ela queria dizer, mesmo assim resolveu se defender.
_ De que está falando minha filha? Veja como esta cidade está crescendo, não há crimes e todos estão felizes. - Fala apontando pela janela.
_ Hipocrisia! Esse deveria ser o nome desta cidade. Todos mentem! Ando pelas ruas e ainda não sabia o porque, mas agora sei. Por medo! Não vejo a felicidade aqui, apenas pessoas com medo. Como pude ser tão egoísta e não ter notado? - A garota coloca suas mãos encobrindo o rosto.
_ Minha filha, venha se deitar, você deve estar delirando. Assim como sua mãe, você está vendo "coisas". Preciso sair agora, mas quero que descanse. - Sentia que aquela discussão acabaria lhe sendo negativa.
_ Quer que eu acredite que estou louca? Somente hoje entendi tudo. Sei como cresceu e se tornou dono de tudo que há por aqui. Dono da opinião dos fazendeiros, que não dão um passo sem que você diga algo. Como tomou para você, o que era de seu irmão. Cresci acreditando que tive um tio louco, porque que sempre disse que era! - Ele a olhou intimidadoramente, como nunca tinha olhado.
_ Você está delirando. Me desrespeita e inventa maluquices, sua mãe também passou por isso. Quer acabar como ela? Louca!
_ Você a matou também? - Ele desfere um tapa no rosto da moça.
_ Covarde! - Ele recua apavorado, foi instintivo.
_ Me desculpe filha, eu não quis fazer isso. Mas você me deixou louco agora. - Ele tenta abraçá-la, mas ela se esquiva.
_ É assim que resolve suas questões? Ataca e depois pede desculpas?
_ Não! Não com você. Não faça isso comigo. Assim você está me maltratando. - Ele se senta na beirada da cama.
_ Então mostre que você pode mudar e melhorar a vida de todos. De que vai adiantar acumular toda esta riqueza? Porque não pode contemplar a felicidade das pessoas? - Diz a jovem, quase implorando.
------------------------------------------------------------

Uma hora depois o jovem Guaçu, acompanhado pelo velho índio, entra por uma ravina, escondida pelas árvores. O velho não presta a atenção ao caminho, está absorto em seus pensamentos, provavelmente amargando não ter conseguido cumprir com seu objetivo. Eles param e então o índio reconhece o lugar.

_ Porque me trouxe ao cemitério dos Amanas? Este é um lugar sagrado! - Disse enquanto descia do seu cavalo.
_ Lhe trouxe aqui porque não conheço melhor lugar para que entenda tudo.

O jovem desce do cavalo e assovia. Os rostos vão surgindo. Primeiro alguns mais velhos e depois outros mais jovens. Todos vão se aproximando do velho índio, velhos, jovens e crianças. No total 62 membros, destes, a maioria com a idade entre treze e quinze anos. Ele os olha, recoloca o cocar na cabeça e começa a abraçá-los. Pega crianças no colo e chora, quase não acredita no que vê.

_ Mas como? Pensei que estivessem mortos. - Murmura para o jovem e este lhe responde prontamente.
_ Quando fomos atacados, um grupo de índios salvou da aldeia as mulheres grávidas e os jovens. Minha mãe e eu também conseguimos fugir. Mas nem todos tiveram a mesma sorte. Dos que voltaram à aldeia, alguns foram capturados e outros mortos. A maioria acabou como escravo e estão trabalhando nas minas. Vamos libertá-los! Muitos fugiram e conseguiram reencontrar a tribo, fortalecendo-a. A solução foi vir para o único lugar que os fazendeiros não conheciam, o cemitério.

_ Mas onde estão os homens que vão libertar nosso povo, só vejo jovens? - Falou passando a mão pela cabeça de garoto que estava com a cara já com pintura de guerra.
_ Estes! - Diz apontando para os jovens.
_ Crianças? - Pergunta o índio.
_ É o nosso exército! - O velho índio olha mais atentamente a sua volta.
_ Não pode! São crianças, serão esmagadas! - Enquanto fala coloca sua mão no ombro do jovem, tentando mostrar-lhe a fragilidade da situação. Mas antes mesmo que possa prosseguir o jovem o interrompe.

_ O senhor não acreditou que a tribo Amana ainda tivesse forças para existir. Agora duvida dos jovens Amanas! Peço apenas que volte a acreditar na alma dos jovens Amanas, há mais coragem em apenas um deles, que na soma de todos os fazendeiros. Agora não há mais nada a perder, tudo já nos foi tirado, exceto a vontade de ser livre. Se for o desejo da mãe terra, voltaremos ao seu seio, mas não sem lutar. - As palavras do jovem eram impetuosas e os gritos de guerra dos jovens ferveram o sangue do velho índio, como a muito tempo não acontecia.

-------------------------------------------------------------

Na casa, o silêncio toma conta do ambiente. O fazendeiro levanta e caminha até a janela. Está contemplando a cidade e as pessoas que caminham de um lado ao outro, seguindo seus caminhos e cumprindo com suas tarefas. As lágrimas lhe escorrem pelo rosto e ele se volta para a filha e a olha por alguns segundos, baixa a cabeça.

_ Pai, não é difícil! Podemos fazer muito por este lugar. Precisamos que as pessoas confiem e não vivam sob o medo.
_ Tem razão filha, vamos mudar tudo o que estamos fazendo. Quero ver o sorriso de volta ao rosto das pessoas desta cidade. - Se abraçam.
_ Pai? - Murmura ela.
_ Sim minha filha! - Sussurra ele.
_ Vamos devolver as propriedades a seus donos e formar uma comunidade, onde todos possam falar e dar suas opiniões. - Ele se afasta, apenas o suficiente para poder segurá-la pelos ombros, carinhosamente.
_ Está dizendo isso por causa daquele moleque indígena? - Diz se afastando da moça, dando-lhe as costas.
_ Pai, este é o maior sinal de que as coisas vão mudar por aqui. Se não fizer isso, ninguém vai acreditar que tudo está mudando. - Argumenta a moça. Ela o vê baixar a cabeça, sabe que ele concordou.
_ Está bem! Mas vamos com calma ok?
_ Ok, papai!
_ Adoro quando me chama assim. Faz-me lembrar de sua mãe. - Os dois sorriem, a muito não viviam um momento como este.

-------------------------------------------------------------------

O jovem apeia de seu cavalo e entra na cidade, pela rua principal. Começa o corre-corre e os tiros, ele está de peito aberto. Acredita que o seu destino é livrar o seu povo, os Amanas, da escravidão. Mas sabe que para isso também haverá um preço a ser pago. Não dá mais que cinco passos e começa a ouvir o som das balas que começam a zumbir perto de seus ouvidos.

Sabe exatamente até onde seus passos vão levá-lo, até as portas da delegacia, para pedir justiça. Pretende acusar o delegado e exigir que seja preso e julgado, era um pedido insano. Então alguém surge correndo em sua direção, é a filha do delegado, Ariene. Suas atenções se dividem e os tiros cessam. Ela o abraça.

_ Parem de atirar! Parem! Parem!
_ O que está fazendo? Vai acabar morta!
_ Não faça isso, não precisa, meu pai vai se entregar. Ele reconheceu os erros que cometeu. - O rapaz se surpreende, mas duvida desta verdade.
_ Eu sei quem é o seu pai e sei do que é capaz. Seu coração de filha está querendo acreditar que seu pai é bom.
_ Você está enganado, é meu coração de mulher que está falando. Um coração que você roubou de mim e não faço questão nenhuma de tê-lo de volta.
_ Porque teve que ser assim, por que? - Diz ele, seguido de um breve silêncio.
_ Eu te amo! - Diz a moça.
_ Eu também te amo! Mas.. - As palavras do rapaz não querem sair.
_ Mas o quê?

O som de um tiro ecoa no ar e o rapaz tomba, atingido na perna. Recomeça o tiroteio, a garota o arrasta para trás de um barril de água e rasga um pedaço de seu vestido, amarrando-o na perna do rapaz. Ele a está olhando, mas seus punhos se fecham.

_ Mas há momentos em nossa vida, que a história deve acontecer como está escrita. Proteja-se! - Ele se afasta da moça, empurrando-a delicadamente e volta ao tiroteio.

-----------------------------------------------------------

Ariene desce e diz que está com fome a uma das empregadas da casa, pois não comeu nada ainda. Tenta conversar com a empregada que ouviu parte da conversa. Esta não se mostra animada com as palavras do pai dela, mas diz que nunca viu o pai dela descumprir uma promessa. Pergunta sobre a morte da mãe, pois era criança quando a mãe morreu e não teve muito tempo de conhecê-la. Mas a conversa é interrompida, ouve o começo de um tiroteio. Assustada pega uma arma para se defender e tenta entender o que está ocorrendo, indo até uma das janelas. Ela vê Eduardo no meio da rua, empunhando armas e corre até ele, sem se preocupar com os tiros. Conversam e quando pensa que tudo vai acabar ele é atingido.

Ela o puxa para não continuar sendo um alvo fácil. Vê que sua perna foi ferida e lhe faz um torniquete. Mas é afastada e não consegue esboçar nenhuma reação, diante das palavras de Eduardo. Só consegue disparar um tiro, atingindo um dos homens de seu pai, pois este iria acertar Eduardo. Mas ouve outro tiro, este saiu da janela de seu quarto, imagina o pior.

------------------------------------------------------------------

Assim que ele fica só, o velho André, começa a viver seus dramas internos. Enquanto divaga ouve o início do tiroteio, vê o rapaz caminhar pela rua. Aquilo lhe é uma afronta e uma fúria o toma de assalto. Pega sua espingarda e fica observando o que está acontecendo, aguarda a oportunidade de atingir o rapaz e acabar com toda a confusão.

_ Com tantos tiros nem vai perceber o que lhe aconteceu. - Espera pelo melhor momento. Vê sua filha correr pela rua e teme que ela seja atingida.

Mas num arroubo de raiva, volta a fazer pontaria, não quer perder a oportunidade. Mas um tiro é disparado e o rapaz cai. Vê sua filha puxar o rapaz para fora da rua. Ele não consegue ver de onde está.

_ Tomara que alguém o tenha matado, assim não preciso me preocupar mais. - Resmunga para si mesmo. Ele dá as costas para a janela, acreditando que tudo está acabado. Mas novos tiros começam a ser disparados. Ele volta à janela e lá está o rapaz novamente.
_ Tem serviço que temos que fazer pessoalmente. - Enquanto fala coloca seu rifle por uma fresta da janela, mira, atira e vê o jovem cair.

A fumaça ainda sai do cano de sua arma, quando algo lhe atinge o peito, é uma flecha. Não há tempo para mais nada, sente sua vista embaçar.

_ Mas como? - Ele caminha em direção de uma claridade, é a janela, ele cai.

-----------------------------------------------------------

Uma das atenções que um índio aprende a ter logo na mais tenra idade é conhecer o terreno em que vive. Assim, logo que o velho índio se viu obrigado a viver entre os brancos, logo aprendeu sobre o seu ambiente. Mas um outro detalhe tornou o velho índio uma sombra na cidade, ter ajudado em sua construção. Então sabia exatamente onde deveria estar, para cumprir com sua promessa e ainda ajudar a sua tribo.

Escolheu um ponto onde poderia ver a janela do delegado e ainda teria uma vista privilegiada de parte da rua, era o telhado do armazém. Estava no segundo piso, longe o suficiente do chão, para não ser percebido. Levou duas flechas, embora tivesse plena consciência de que apenas uma bastaria. Ele vê o delegado caminhando de um lado para o outro, no quarto da filha. Sabe que neste ponto teria mais dificuldade, pois havia se posicionado bem de frente para a janela onde esperava que ele fosse surgir. A filha está com ele, vê que discutem. O índio encosta o corpo contra a parede e aguarda.

_ Vai, fica de frente para a rua, mais dois passos apenas e acertamos nossas contas. - O arco está vergado no máximo, mas ele só consegue ver a sombra do delegado.

Primeiro os segundos se arrastam, depois os minutos. O índio consegue ver que o delegado está muito próximo da janela, mas o ângulo de visão não o ajuda. Ele ouve um assovio, sabe que o rapaz vai entrar pela rua da cidade e enfrentar a todos.

_ Talvez agora esse velho matreiro apareça. - Murmura para si.

Ele vê o jovem entrar pela rua e o som de tiros, sua atenção se divide entre o rapaz e a janela. Ele baixa o arco e dá mais duas voltas na corda do mesmo, para aumentar a tensão e assim sua flecha se tornar ainda mais rápida. Ele acompanha a movimentação, os homens do delegado saltam de um lado para o outro, procurando um ponto onde podem atingir o rapaz. O índio fecha os olhos e pede que o vento guie seus sentidos e sua flecha.

Vê que a filha do delegado corre pela rua e tenta proteger o rapaz, está conversando com ele. Guaçu é atingido e a moça o socorre. Seus olhos começam a se encher de lágrimas, passa a se questionar se não está colocando vidas em perigo.

Ele percebe que o rapaz volta para a rua e sente que seu sangue indígena o conclama à guerra, não mais à vingança. E solta sua flecha, esta atinge um dos capangas que estava às costas do rapaz, certamente o atingiria de forma fatal. Só lhe resta uma única flecha e não exitará em usá-la para proteger o rapaz.

Mais um tiro é disparado, saiu da janela que ele vigiava, ele não consegue distinguir nenhuma forma humana, está tudo escuro, vê apenas o cano de um rifle. Enquanto seus pensamentos lhe enchem a mente ele está armando o arco, vergando-o e disparando uma seta. E antes mesmo que tivesse a certeza do alvo a flecha cortou o ar e penetrou na penumbra.

Apenas o silêncio, nada está fazendo parte de seu mundo. Seus olhos alcançam o rapaz, que agora está no chão. Vê a garota correr novamente em seu auxílio, como se desconhecedora do perigo desejasse enfrentá-lo para proteger seu amor. Todo o tempo está parado, o rapaz atingido e a flecha disparada. Então um movimento na penumbra, ele não tem mais nenhuma flecha, mas não é necessário, um corpo cambaleia e cai pela janela. É o delegado, mas como se isso não mais importasse, seus olhos buscam saber de Guaçu. Ele desce e alcança a rua, o rapaz já está de pé, amparado pela garota.

----------------------------------------------------------------

O jovem cai e uma nuvem de poeira o recobre. Está tentando se levantar, seu ombro e sua perna ardem. Dois braços o envolvem e o põe de pé. Seus olhos encontram os de Ariene, que está coberto de lágrimas.

_ Obrigado! - Neste instante um corpo cai, é o delegado.
_ Preciso ir. - Ariene dispara pela rua e alcança o corpo de seu pai.

Ele ainda respira. Há uma flecha cravada em seu peito. Ele tenta acariciá-la, mas ela segura a sua mão, impedindo-o de concluir o gesto.

_ Porque pai? Porque?
_ Desculpa. - Geme, contraindo o corpo de dor.
_ Por que papai! - Mas não há resposta, apenas um leve sorriso. Seu pai fecha os olhos e ela o vê inerte.

O velho índio, o jovem, outros índios e alguns fazendeiros se aproximam do corpo do delegado. Todos se olham, como se sentissem que precisavam encontrar uma solução.

_ Agora a vida pode continuar, não como cada um deseja, mas como precisamos que ela seja a partir de agora. - Diz o chefe índio. Índios e fazendeiros se acertam, dizem que é hora de mudar a cor do chão, de vermelho para dourado novamente e fazer valer o nome da cidade, Ouro Novo.

O delegado é enterrado ao lado da cova de sua esposa. Uma leve brisa morna sopra as pequenas folhas que estão pelo chão. Dois jovens contemplam as duas lápides. Estão em silêncio, o rapaz suspira, a moça lhe aperta a mão.

Não é um fim de tarde como tantos outros, este é dourado. Talvez por ser uma região rica em ouro, quem sabe. Eles se beijam. O beijo é a forma mais pura de respeito, onde um permite ao outro a aproximação. Como se ficasse estabelecido que não há barreiras entre eles. Assim o amor pode transitar livremente. 



O sol banha os dois corpos, mas uma só sombra projeta-se ao longo do caminho e na medida em que o sol baixa a sombra vai se esticando, indo para além destes.

Agora índios, brancos e irmãos estão novamente juntos.

Fim

--------------------------------------------------------------

Texto e criação do autor J.C.Hesse, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

2 comentários:

Fabiana Cardoso disse...

Oi Hesse adorei, que final emocionante! Parabéns! Espero ler outros contos como esse!
Fabi
www.fabianacardosoescritora.wordpress.com

Mia disse...

Maravilhoso!
Amei!!!

Postar um comentário

Seja bem-vindo!
O sucesso deste blog depende de sua participação.
Comente!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...