Atarantado, correu para fora e puxou o primeiro que encontrou para dentro do seu cubículo.
- O que houve? - Indagou uma voz apática.Percorreu seus olhos e não encontrou ninguém. O sujeito havia desaparecido.
Finalmente aquele a quem puxara se desvencilhou com um safanão irritado e desprovido de força. Confuso, o encarou:
- Não havia outra pessoa trabalhando comigo aqui?O sujeito deu de ombros.
- Sei lá.
E saiu sem delongas. Tentou chamá-lo e lhe ocorreu que não sabia seu nome. Tal qual o outro. Que outro? Em sua memória sua fisionomia já se apagava. Aproximou-se da mesa e viu no chão apenas um punhado de poeira. Seria isso? O sujeito simplesmente se desfizera? E porque ninguém parecia se lembrar dele. Nem ao menos o... o...
Levou as mãos à cabeça tentando se lembrar do nome. Saiu para o corredor e ficou olhando as pessoas que passavam. Trabalhava ali há tanto tento. Devia ao menos saber o nome de um dos que por ali transitavam. Aquelas pessoas distraídas que vagavam por aquele corredor com seus olhos vazios. Com sua pele macilenta. Com pequenas ranhuras semelhantes a rachaduras em uma terra seca aparecendo aqui e ali.
Sentiu um leve desconforto.
Isso era o que o angustiava mais. Sabia que tudo aquilo era suficiente para sair correndo dali aos berros. Mas era como se estivesse amortecido. Sem energia. Era isso. Carecia de energia. O telefone tocou e uma voz vibrante agrediu seus ouvidos.
- Alô! Pai? Não se esquece que é hoje que eu viajo! Já comprou minha mochila?
Reconfortou-se um pouco ao reconhecer a voz da filha. A filha! Tinha uma filha! Era dela aquela voz tão cheia de energia.
- Não era a sua mãe que ia ver isso? - Murmurou.
Houve um silencio sentido do outro lado.
- Do que está falando pai? Que mãe?
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