quarta-feira, 26 de junho de 2013

O CONTO DO VIGÁRIO NO MERCADO LITERÁRIO

Como qualquer outro profissional, seja ele ator, músico ou ilustrador, o escritor também é alvo notável e presa fácil dos clientes oportunistas, principalmente quando as vítimas escolhidas são jovens e iniciantes na carreira. Fiquem sempre espertos quando presenciarem certos tipos de situação.
Se você, independente de tempo e conteúdo literário, se sente profissional e quer respeito e reconhecimento, precisa se portar então como um.


"FAÇA O ROTEIRO BARATO (OU DE GRAÇA) E NO PRÓXIMO SERVIÇO, PAGAREMOS MELHOR"
Nenhum escritor profissional prestará serviço literário autoral de graça. Imagine
então você pedir a um advogado que o defenda de graça, com a condição de lhe pagar melhor em um próximo serviço. Isso não existe.

"NÓS SOMENTE PAGAMOS NO FINAL, APÓS O SERVIÇO PRESTADO"
Faça um contrato com o cliente, ressaltando o valor do serviço.

"PRA QUE CONTRATO? NÃO ESTAMOS ENTRE AMIGOS?"
Contrato entre escritor e editora/grupo de teatro é prova de respeito e admiração pelo trabalho de ambas as partes. O contrato representa compromisso e garantia para proteger eventuais transtornos, incoerências e mal-entendimentos ente você e o seu cliente e regularizar essa relação sem desgastes.
Contrato é uma forma de demonstrar profissionalismo, estipulando tempo, serviços e remuneração durante determinado tempo que deverá ser cumprido por ambas as partes. Se o cliente andar para trás e ficar sofismando que é desnecessário, descarte-o.

"O SEU ROTEIRO PARA NOSSA PRODUÇÃO SERÁ ÓTIMO EM SEU PORTFÓLIO E VOCÊ GANHARÁ OUTROS CLIENTES"
Imagine então o diretor da peça ou do filme contando para os outros colegas: "Esse escritor é o maior otário! Esboçou o roteiro todo de graça".


"DEIXE O SEU PROJETO AQUI, QUE EU VOU FALAR COM O PRODUTOR E TE LIGO DEPOIS"
O diretor vai usar os seus textos para barganhar com outro escritor e negociar um preço ainda mais barato. Se você retornar, o diretor dirá que a atividade foi
adiada. Nunca deixe nenhum trabalho no escritório do cliente.


"MAS O ÚLTIMO REVISOR FEZ O MESMO SERVIÇO MAIS BARATO..."
Não tenha medo de perder o cliente, ainda mais quando o mesmo demonstrar ser um oportunista. Ressalte que o seu serviço é profissional e é mensurado conforme o seu valor. Roteiristas/revisores que cobram muito pouco pelo seu serviço ficam predestinados e fadados ao insucesso. Não seja o causador de seu próprio fracasso, desrespeito e decadência profissional. No máximo, ofereça um pequeno desconto, ou então parcele o seu serviço em duas vezes (com contrato).


"NÓS NÃO PODEMOS PAGAR MAIS DO QUE R$XX POR ESSE SERVIÇO"
Imagine o cliente entrar em uma loja de celulares e informar que não pode pagar mais do que R$XX por um smartfone. O vendedor então o oferecerá o mais barato possível, ou então, um aparelho dentro desse valor que tenha as mesmas funções.
Se ainda assim, o serviço lhe interessar, diga que fará, mas será no seu tempo e estipule um prazo maior de entrega.


Leia e ponha em prática essas dicas. Não adianta fazer panca de escritor profissional se no fim das contas você vira paspalho nas mãos dos espertos, viajando nas promessas de projetos mirabolantes.

Você é profissional e pode muito mais.

Leo Vieira é autor do livro "Alecognição", pela Editora Lexia.
Escritor acadêmico em 32 Academias e Associações literárias; ator; professor; Comendador; Delegado Cultural em duas cidades e Doutor em Teologia e Literatura.

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