Isso
é um assunto que com certeza já aconteceu e ainda acontece com a maioria dos profissionais
da arte e das letras. Da mesma forma, também merece uma resenha: As propostas
de trabalho sem retorno financeiro.
Volta
e meia sou convidado para fazer pesquisa, desenvolver textos, organizar
projetos
e até esboçar trâmites empresariais sem nenhum tipo de contrato ou
comissionamento.
Em alguns deles, eu procuro recusar gentilmente e em outros eu nem mesmo me
preocupo em responder.
Há
algum tempo, fui convidado por um colega produtor teatral para pesquisar e
escrever
um livro que seria baseado em uma peça dele. Ele havia dado muita
recomendação
sobre como queria a obra; com aprofundamento com dados jornalísticos, narrativa
mais verossímil, entre outras coisas. Recebi o material e fui deixando ele falar
enquanto analisava tudo e nada dele falar em pagamento. O colega do teatro estava
entusiasmado, mas não me deixava nada animado na questão salarial, até que ele soltou:
"se houver lucro nas vendas, a gente divide".
Perguntei
se a gente teria algum tipo de contrato e ele recusou. Sem contrato, nem garantia
de recebimento. Apenas eu receberia algo se o livro (que eu escreveria sozinho,
baseado na peça dele) obtivesse lucro.
Neste
caso, expliquei o tempo que seria por mim dedicado e investido neste trabalho; afinal,
uma boa parceria é a que proporciona um bom resultado para os dois lados. Ressaltei
que se o livro (pesquisado, desenvolvido e escrito por mim) não obtivesse nenhum
lucro, o trabalho seria realizado apenas para o bem dele, porém eu ficaria lesado
porque não receberia nada.
Em
outra ocasião, fui convidado para atuar em uma produção cinematográfica onde o recebimento
seria hipotético. Eu topei pelo fato do trabalho ter sido rápido e também por
ser amigo do produtor. Até aí tudo bem, mas depois eu fui convocado também para
escalar o restante do elenco e convencer aos demais atores que teriam que
trabalhar sem receber. Não teria contrato porque segundo o produtor, não
haveria nenhuma garantia de retorno financeiro. Notei também que o ritmo da
produção andava lenta exatamente por isso, com alguns profissionais envolvidos
abandonando a obra.
Expliquei
que contrato é um meio de preservação por ambas as partes, evitando possíveis
processos de exigências autorais e financeiras posteriores.
São
esses tipos de desgastes que podemos ter quando não raciocinamos como profissionais.
Não dá pra ficar a vida inteira trabalhando somente pela
"camaradagem".
Leo Vieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja bem-vindo!
O sucesso deste blog depende de sua participação.
Comente!