Nyanna estava parada em frente de um imenso lixão, que mais parecia a um deserto de entulhos, dominado pelos milhões de latinhas de alumínios, montes de ferros distorcidos, papelões e outros objetos espalhadas. Há um bando de urubus que voam, e circulam no céu que mesclava entre o rosa, e o baunilha. Ali havia presença espetacular dos dois sóis, um deste era o mesmo que conhecemos há milênio dos anos, o mesmo que se chamava o Astro-rei, e o outro era cem vezes maior que o outro, chamado de planeta vermelho, com sua cor que varia entre vermelho e amarelo, daí se assemelhava a um grande sol. Ambos ficavam bem próximos do horizonte, na sombra de uma montanha íngreme. Uma visão surreal e encantadora. Enquanto havia uma beleza transcendental do sublime céu, e do seu universo com as suas estrelas que expandiam a cada dia, ali em baixo a visão é completamente outra. É triste. É desolador. Quem passa ali sente a alma ferida que leva um tempo para se cicatrizar. Por conta dos dois sóis, o calor ficava intenso durante a parte da manhã, e durante a tarde, ninguém se aventurava a ir lá fora; somente ao entardecer, quando o calor tende a ser bem menos castigante; a terra do lixão exala o fedor que vem acompanhado pelo o vento que balança os seus longos cabelos vermelhos, que dançam e balançam.
Os olhos verdes claros da Nyanna expressavam um misto de indignação e tristeza. Indignação, porque estava havendo um desacato à natureza, por jogar todos os lixos naquela terra. Tristeza por causa das pessoas que vivem ali, com suas casinhas de papelão e latão. Havia pessoas que circulavam e andavam por sobre a terra de lixo. Alguns catavam objetos metálicos, outros de papeis para recicláveis, e também algumas crianças que procuravam por brinquedos por baixo dos entulhos vindos de todas as partes da cidade.
Quando Nyanna e seu grupo de amigos voluntários vieram a este triste espaço, para distribuir as cestas que continham os alimentos básicos, e principalmente alguns galões de águas para banhos, já que nesse local não havia água tratável, ao chegarem, dezenas de famílias que vivem no lixo correram em sua direção, na esperança de conseguirem suas desejadas cestas e latões de água. Todos cercaram a picape, e o grupo que distribuía água e alimentos a cada uma das famílias.
No meio de todas as pessoas agitadas, que cheiravam mal, Nyanna foi surpreendida, nem mais, nem menos, por algo vivo que enlaçou a sua coxa. Ao baixar a cabeça com certo temor, logo deparou uma pequena criatura com um lenço que cobria a sua cabeça. Uma menina. Ela devia ter uns seis anos. Um amor de criança, toda imunda, dos pés até o rosto, e seus olhos sobressaiam as cores azuis como nunca vira antes. Seus olhos pareciam remeter o céu azul que outrora a terra teve. A luz dourada dos sóis beijava o seu perfil, e seu olhar cheio de vida. e de brilho expressava uma ternura inigualável; parecia transmitir uma força de esperança, não sabia de onde e como...
Antes que a Nyanna abrisse a boca, a menina lhe fitou e disse baixinho, de modo dócil e suave, como ao som de uma harpa de um anjo escondido por dentro dela.
“Tia, me ajuda, por favor?”
Os olhos da Nyanna emudeceram. Vendo aquele dócil rosto da criança, seus olhos azuis e vivos, e a sua voz como um anjo, não havia como negar a um pedido daquela criança.
“Preciso de água para minha mamãe”
Nyanna olhou ao seu redor, procurando a mãe dessa graciosa menina, mas nenhuma dessas pessoas se apresentou como sendo a mãe dessa pequena e notável criatura. Então, a menina, com sua voz de anjo, disse:
“Ela não está aqui. Ela tá com dodói. Estou fazendo tudo sozinha e tenho que ajudar a mamãe! Por favor, tia, me ajuda!”
Nyanna sentiu um nó na sua garganta. Sua alma foi atingida por um violento soco emocional, que percorreu por todo o seu corpo, até no profundo do seu ser. O vento se misturava entre o fedor do lixão, e o perfume agradável que advinha da natureza escondida por detrás daquele cenário horrendo, ao mesmo tempo em que seus olhos fitavam aquela menina que agarrava a sua perna. Ela meneou a cabeça, e foi buscar um galão de água de dez litros, e o carregou com esforço até a menina. A menina soltou uma gargalhada ao ver um galeão deixado no chão e olhou para os olhos da Nyanna e disse:
“Obrigada, tia!”
A menina, por incrível que possa parecer, pegou o galeão de dez litros, como se fosse uma a uma boneca. Ela tinha uma força inigualável e Nyanna ficou preocupada, temendo que o peso pudesse machucá-la. Mas antes mesmo que a mulher tomasse uma atitude, a menina disse, com um sorriso esboçado no rosto:
“Não preocupa comigo! Estou acostumada! Sempre carrego minha mãe, que pesa mais do que este galeão de água, e tenho que lavá-la todos os dias. Obrigada por tudo, tia!”
E depois disso, ela se afastou da Nyanna, e rumou por entre os montes dos lixos, sob os urubus que voavam e circulavam a redondeza, até desaparecer. O momento em que os dois sóis descem por trás das montanhas, deixando o céu ainda mais colorido. Foi o momento em que Nyanna sentiu um grande impacto como nunca sentiu antes. Ela deveria ter feito algo a mais, do que simplesmente ter ficado parada, e olhando feito uma boba para a pequena criatura. A força daquela pequena menina, sua ingenuidade em relação a tudo que está acontecendo; a pobreza; a falta de qualidade vida, de educação, do lar agradável; nada disso tirava o sorriso dela. A alegria e a esperança ainda permeavam em seu interior infantil, e assim ela se foi. Nyanna olhou para seus amigos que trabalhavam com o suor percorrendo a testa enquanto terminavam a distribuição. Ela sorriu, mas sentia um aperto de dor no coração, e em sua alma, tudo por causa daquela menina, daquele pequeno anjo sujo e sem asas. Ela desviou seus olhos para o chão, deixando a lágrima rolar no rosto. E a lágrima, com seu reflexo de dois sois dourados, caía numa fração de segundo no solo, e para sua surpresa, um único girassol, com suas pétalas amarelas, permanecia em pé, e firme em meio de todas as ferrugens e papelões. Ela sorriu. Sabia que nada disso é tarde demais. Há uma esperança.
Os olhos verdes claros da Nyanna expressavam um misto de indignação e tristeza. Indignação, porque estava havendo um desacato à natureza, por jogar todos os lixos naquela terra. Tristeza por causa das pessoas que vivem ali, com suas casinhas de papelão e latão. Havia pessoas que circulavam e andavam por sobre a terra de lixo. Alguns catavam objetos metálicos, outros de papeis para recicláveis, e também algumas crianças que procuravam por brinquedos por baixo dos entulhos vindos de todas as partes da cidade.
Quando Nyanna e seu grupo de amigos voluntários vieram a este triste espaço, para distribuir as cestas que continham os alimentos básicos, e principalmente alguns galões de águas para banhos, já que nesse local não havia água tratável, ao chegarem, dezenas de famílias que vivem no lixo correram em sua direção, na esperança de conseguirem suas desejadas cestas e latões de água. Todos cercaram a picape, e o grupo que distribuía água e alimentos a cada uma das famílias.
No meio de todas as pessoas agitadas, que cheiravam mal, Nyanna foi surpreendida, nem mais, nem menos, por algo vivo que enlaçou a sua coxa. Ao baixar a cabeça com certo temor, logo deparou uma pequena criatura com um lenço que cobria a sua cabeça. Uma menina. Ela devia ter uns seis anos. Um amor de criança, toda imunda, dos pés até o rosto, e seus olhos sobressaiam as cores azuis como nunca vira antes. Seus olhos pareciam remeter o céu azul que outrora a terra teve. A luz dourada dos sóis beijava o seu perfil, e seu olhar cheio de vida. e de brilho expressava uma ternura inigualável; parecia transmitir uma força de esperança, não sabia de onde e como...
Antes que a Nyanna abrisse a boca, a menina lhe fitou e disse baixinho, de modo dócil e suave, como ao som de uma harpa de um anjo escondido por dentro dela.
“Tia, me ajuda, por favor?”
Os olhos da Nyanna emudeceram. Vendo aquele dócil rosto da criança, seus olhos azuis e vivos, e a sua voz como um anjo, não havia como negar a um pedido daquela criança.
“Preciso de água para minha mamãe”
Nyanna olhou ao seu redor, procurando a mãe dessa graciosa menina, mas nenhuma dessas pessoas se apresentou como sendo a mãe dessa pequena e notável criatura. Então, a menina, com sua voz de anjo, disse:
“Ela não está aqui. Ela tá com dodói. Estou fazendo tudo sozinha e tenho que ajudar a mamãe! Por favor, tia, me ajuda!”
Nyanna sentiu um nó na sua garganta. Sua alma foi atingida por um violento soco emocional, que percorreu por todo o seu corpo, até no profundo do seu ser. O vento se misturava entre o fedor do lixão, e o perfume agradável que advinha da natureza escondida por detrás daquele cenário horrendo, ao mesmo tempo em que seus olhos fitavam aquela menina que agarrava a sua perna. Ela meneou a cabeça, e foi buscar um galão de água de dez litros, e o carregou com esforço até a menina. A menina soltou uma gargalhada ao ver um galeão deixado no chão e olhou para os olhos da Nyanna e disse:
“Obrigada, tia!”
A menina, por incrível que possa parecer, pegou o galeão de dez litros, como se fosse uma a uma boneca. Ela tinha uma força inigualável e Nyanna ficou preocupada, temendo que o peso pudesse machucá-la. Mas antes mesmo que a mulher tomasse uma atitude, a menina disse, com um sorriso esboçado no rosto:
“Não preocupa comigo! Estou acostumada! Sempre carrego minha mãe, que pesa mais do que este galeão de água, e tenho que lavá-la todos os dias. Obrigada por tudo, tia!”
E depois disso, ela se afastou da Nyanna, e rumou por entre os montes dos lixos, sob os urubus que voavam e circulavam a redondeza, até desaparecer. O momento em que os dois sóis descem por trás das montanhas, deixando o céu ainda mais colorido. Foi o momento em que Nyanna sentiu um grande impacto como nunca sentiu antes. Ela deveria ter feito algo a mais, do que simplesmente ter ficado parada, e olhando feito uma boba para a pequena criatura. A força daquela pequena menina, sua ingenuidade em relação a tudo que está acontecendo; a pobreza; a falta de qualidade vida, de educação, do lar agradável; nada disso tirava o sorriso dela. A alegria e a esperança ainda permeavam em seu interior infantil, e assim ela se foi. Nyanna olhou para seus amigos que trabalhavam com o suor percorrendo a testa enquanto terminavam a distribuição. Ela sorriu, mas sentia um aperto de dor no coração, e em sua alma, tudo por causa daquela menina, daquele pequeno anjo sujo e sem asas. Ela desviou seus olhos para o chão, deixando a lágrima rolar no rosto. E a lágrima, com seu reflexo de dois sois dourados, caía numa fração de segundo no solo, e para sua surpresa, um único girassol, com suas pétalas amarelas, permanecia em pé, e firme em meio de todas as ferrugens e papelões. Ela sorriu. Sabia que nada disso é tarde demais. Há uma esperança.
CANTINHO DO NOVO AUTOR
Este livro pretende apresentar uma visão mais otimista da transformação, que ocorrerá, brevemente, no Planeta Terra. Nele o leitor encontrará temas polêmicos, como o uso das células embrionárias pela Medicina, a existência ou não dos OVNIs e uma previsão do Planeta, após as catástrofes, previstas por alguns cientistas, para 2.012 e, por outros, em 2.020. Trata-se de um romance de ficção que, com certeza, prenderá a atenção do leitor. Espero que esta obra seja de alguma forma, em prol de seu crescimento como ser humano. Qualquer semelhança, com pessoas vivas ou mortas, é mera coincidência.
SERÃO 4 KIT, CONTENDO TRÊS LIVROS CADA, PARA QUATRO SORTEADO.
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17 comentários:
Parabéns pelo texto, bastante comovente, gostei em especial da imagem final do girassol.
Parabéns. o texto muito bom e faz pensar! retrata o dia-a-dia no lixão!
As pessoas comem do lixo e vive do lixo que consequentemente são as nossas sobras e isso não tira a dignidade delas, pelo contrário, na maioria das vezes elas são mais limpas que muitos!
Dignidade e honestidade coisa que falta a muitos de colarinho branco manchado com o lixo corrupto interno que transparece no externo"políticos"...
Abraço
Amandio Sales
Muito bonito e triste o texto. A imagem é triste e mostra a realidade da vida.
Beijos!
Smareis
Este tipo de situação é dura e triste. só em pensar e imaginar que é a realidade que muitos sofrem não só nos lixões mas nas ruas e calçadas de cidades grandes onde há o contraste de vidas. Pessoas que sofrem e pedem ajuda diariamente sem ter forças para lutar pela sua sobrevivência e de outros mais próximos,o bom disso tudo é ver que ainda no meio de tanto "lixo" ainda resta a esperança de que tudo será melhor e que ainda existe uma única pessoa que não tem seu caracter e sensibiliade anulada com a relidade.
Linda mensagem. Infelizmente, esse tipo de situação é mais real do que se poderia admitir. Mas, felizmente, por pessoas que ainda se importam, podemos considerar que existe esperança para um mundo melhor. Parabéns pelo texto!
Lindo o texto, retrata a realidade. Parabéns.
EU QUERO PARTICIPAR DA PROMOÇÃO!
Parabéns pela iniciativa!
Já estou a seguir este blog!
;)
Parabéns Denis, pelo texto-denúncia de uma realidade de abandono, em que vivem muitos miseráveis. Pobre sou eu, eles, os personagens do lixão são mesmo é miseráveis.
Continue a escrever, denunciando tudo que há de errado na sociedade e você será um profeta da literatura. Bjs.
Parabéns Pelo texto, Denis.
Quero Participar da promoção!!!
POXA POXA POXA, o texto :))
PROMOÇAÃAAO ueba!
Quero Participar da promoção!!!
posso posso posso posso?! *-*
Recebi o livro andrea. Obrigada.
beijos
Quero Participar da promoção!!!
Espetacular o texto inicial da blogagem.
li com o coração apertado.
Infelizmente existem muitos lixões e muitas meninas como aquela pelo brasil afora.
parabéns ao autor, Denis!
Um abraço a todos.
obs: Quero participar da promoção.
A vida não é nada fácil.
Denis teu conto nos prende do inicio ao fim e nos mostra a dura realidade que existe por este Brasil afora e com certeza também bem pertinho de nós, que como a tua personagem ficamos petrificados e nada fazemos,depois nos culpamos, mas porque demoramos tanto para estender as mãos? Egoísmo? Medo de acabar envolvido com problemas até entáo desconhecidos para nós? Ah eu acho que a resposta é uma só DESAMOR, é o cada um por si, é ajudar sem sujar as mãos, é nós humanos andamos meio desumanos e eu me incluo nisto, desculpa falei demais, mas quem manda escrever tão bem assim, isto incentiva aos seus leitores a participarem de teus contos, beijos Luconi Ia esquecendo quero participar da promoção sim, beijos Luconi
Todos esses cenários, mesmo os mais tristes, precisam serem mostrados e amplificados pela pena do escritor, provocando indignação. Parabens ao autor.
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