terça-feira, 26 de junho de 2012

A misteriosa flor


Estou disponibilizando, o que era para ser uma sequência de quatro postagens. Mas ganhou corpo e ajudou a seguir num rumo diferente da ficção científica. Eu já vinha alimentando este desejo e agora, vocês podem ler e saber, em primeira mão, como tudo começou realmente, nesta minha nova etapa.
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São Paulo, Atibaia, Bruno descansava depois de realizar seu costumeiro rappel na Pedra Grande. Utilizava estes momentos para pensar em sua vida e tomar decisões importantes. Era na verdade, o primeiro momento, depois que saíra do acidente, sofrido oito meses atrás. Ali, lembrava-se, saudosamente, dos tempos de moleque. Cresceu brincando naquele vale, conhecia cada canto, cada ravina e árvore dali.

Bruno tinha por volta de 1,80 metros de altura, bem formado fisicamente, não havia como deixar de chamar a atenção das garotas e por gostar de brincar de jogar basquete foi convidado, por diversas vezes, a participar do time da cidade. Mas por opção preferiu ajudar seu pai a cuidar de sua mãe e da banca de frutas, de onde tiravam todo o sustento.

_ Pai, mãe? - Lembrava-se.
_ Sim meu filho? - Responde a mãe.
_ Neste final de semana será meu dia de folga certo?
_ É sim meu filho, porque? - A pergunta do pai era mais uma retórica, confiava nas decisões do filho.
_ Vou passar a noite, de sexta para sábado, na Pedra Grande.
_ Sozinho? - Pergunta a mãe.
_ Sim, quero dormir sob as estrelas.
_ Veja se não fica no mundo da Lua tá legal. - Brincou o pai.
_ Não se preocupem, já contei, também, ao Adalberto. - Era um costume dos dois amigos sempre que iam se meter em alguma aventura solitária, um informar ao outro.

Aquela era uma região sossegada, mas com o tempo virou ponto turístico justamente pela geografia, que permitia a prática de esportes mais radicais. Bruno, enquanto pode, passou muitos dias por ali, após a escola, caçando passarinhos no meio daquela vegetação. Em alguns dias, o pai era seu companheiro de diversas aventuras, foi algo que estreitou ainda mais os laços de pai e filho. Agora, com 28 anos estava maduro o suficiente para saber bem o que queria da vida.

Neste lugar sentia que o mundo estava a seus pés, embora já tivesse escalado mais de umas centenas de vezes, cada vez era como se fosse a primeira. Respeitava demais essa pedra, pois já vira pessoas caírem dela e se machucarem bastante.

Desta vez fizera a escalada com a intensão de acampar e passar a noite ali. Para isso levava uma barraca bem leve, frutas, lanches feitos com pão de forma, presunto e mussarela, além de duas pequenas garrafas, uma com água e outra com café. Tinha a intensão de dormir tarde, queria curtir as estrelas, usando este momento para refletir. O final do dia se aproximava e à aquela hora não haveria mais ninguém, estaria sossegado até as seis da manhã, quando tudo começava novamente. Mas neste horário já pretendia estar de acampamento levantado.

O som característico de ganchos sendo presos nos fixadores, usados para escalar o lugar, lhe chama atenção. Alguém estava subindo, foi até a beirada da pedra. Tentou olhar e ver se conseguia perceber quem estaria chegando, sabia que não seria nenhum conhecido pois, com exceção de seu pai mais ninguém sabia que ele estaria ali, aguardou.

Os minutos se arrastaram, então surgiu um capacete e logo uma mão, um braço e um vulto. Ele aguardou que a pessoa estivesse em uma posição mais segura e esticou a mão, com a intensão de ajudar. Quando a pessoa o viu se assustou e escorregou, voltando um metro para trás e chocando seu corpo contra a rocha. Ele deitou seu corpo, buscando alcançar a pessoa, que se não fosse pelas cordas teria despencado.

_ Pegue a minha mão!
_ Só um instante, preciso desenroscar a corda. - Respondeu uma voz feminina, enquanto tentava se desvencilhar de algo.

A medida em que a mulher ia se livrando dos cordéis e sintas de amarração, jogava seu cabelo de lado. Seu rosto era revelado, pouco a pouco e Bruno a observava atentamente. Estava preocupado com ela, afinal estava pendurada a uma grande altura do chão, mas demonstrava uma frieza muito grande em seus movimentos. Parecia conhecer muito bem o que estava fazendo.

Por um breve instante ela olhou para cima e seus olhares se cruzaram, Bruno sentiu seu coração disparar no peito. Procurava manter a calma, mas era inegável que aquela mulher estava tirando-o de sua habitual calma.

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Texto de criação do autor J.C.Hesse e faz parte do seu novo livro Cartas e Sombras, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

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