Do que não gosto...
Absorvo a náusea que me inspira tais linhas.
As repudiantes folhas cheias de letras vindas de quem tomou a carona de seu nome, fora do ofício da escrivania; atores escritores; pop star da tv; musas das revistas de nudismo... Dá-se dinheiro contar a vida de quem pisa nas calçadas da fama...
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Engulo a própria golfada, mordendo-me os cotovelos...
Com as mãos cheias de hipocrisia, faço-me uma máscara, tapando os olhos por entre os vãos dos dedos; não quero ver, mas deixe-me ao menos acreditar que tenho o controle do meu próprio e inútil julgamento.
Se olho o ser deitado em uma cama, com o sol torrente lá fora. Relógio avisa - são 15:13 da tarde! Blasfêmia! Onde vim parar que não consigo aceitar nada que me incomoda, como se carpinteiro do mundo pudesse ser, levantando o miserável da cama, impondo-o que viva; abrindo os olhos, lavando o rosto nas águas dignas do trabalho.
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Arrisco um palavrão - Vou me "emputecer!" Um termo inventado, verbalizando a linguagem, em tons quase febris da miséria cultural. Emputecer, de ficar puto! Poderia ser menos chinfrim, intumescer, uma palavra mais bem vestida, embora nem mesmo eu saiba o seu significado, mas pega bem, as pessoas podem incluir-me em sua lista vip, tal como o soberbo que não se torna "puto"; torna-se túmido por seu bom gosto em agradar ouvidos de gente cega, que não lê, no entanto, empanzina-se de status, este sim, chinfrim; melhor ser "puto", ao menos assim, isento da ignorância da intensidade em ser alguma coisa que se entende ser.
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O corriqueiro violão com suas cordas desafinadas, todos os dias no mesmo horário; mais uma vez o vizinho, com seu som inapreciável; acorde do inferno! Ah! Quem me dera ser apetecível da magia em dormir ouvindo-o cantar; tal como ouço, a pulso, o galo despertando a cidade ao alvorecer que presencio em noites longas de insonia...
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Entro em um banheiro público, e nele, as bonecas de louça no retoque do batom, mas não só este, que bem se adivinhava a mão leve e inteligente de uma mulher de gosto e educação na escolha de alguns móveis, e sobretudo na desses pequenos objetos íntimos indispensáveis a um homem de tratamento: escovas, pequenos espelhos, estojo de unhas, porta-jornais, vide-poches, porta-jóias, cinzeiros de madrepérola, etc.; tudo isso disposto com aparente descuido intimo (superficialidade), mas com requintado instinto artístico, as pessoas gostam de impressionar... ( Por que não leem?)
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O plenilúnio opalino, de uma transparência e suavidade dulcíssimas, banhava tudo, inundava o céu e a terra; envolvia as copas unidas das árvores, montes abaixo, num véu tenuíssimo de bruma luminosa e fazia-as projetar sombras fantásticas no chão. Volta-me o asco... Serão cortadas em breve... Não combinam com a estética da nobre casa recém construída na rua mais cobiçada de uma metrópole.
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É... Pensando bem... Vou sentar-me de frente as linhas, com todas as palavras que tenho em mente, e escrever um poema, por que ao menos assim, satisfaço-me com alguma coisa...
Texto e criação de Adriana Vargas de Aguiar, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.
Um comentário:
MUITO BOM PARABÉNS..MUITO TALENTO E BOM SENSO...E UM POUCO DE SARCASMO QUE NÃO PODE FALTAR EM PESSOAS QUE SABEM VER LONGE.
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