sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eva de um Minuano - poesia vencedora de prêmio literário




Eva de um minuano
Autora: Drisph

Tão cedo... Sentia-me no céu.
Procurei por nuvens; querubins e trombetas. Nada!
Onde está a Arca Santa? A saudade os matou?
Quero ter com Deus; pedir-lhe que me clareasse a visão
Será que a maldita também O matou? Não o pressinto por perto
Toco-me e não me sinto... Morri
Tenho a alma vazia... Sem mim...
Onde está o meu amado?Morri? Sem olhar nos olhos teus?
Pela vez última... Derradeira...
Um vento soprou tão intemperante, desalentou-me o âmago
Morri pela segunda vez; pensei desfalecida...
Volta-me a visão! Berço esplendido...
Miro... Estou em meu quarto. Uma falência momentânea do corpo... Apenas...
Estou viva!         
O vento... Ainda o ouço, mas tépido...
Deixou sombrio, o frio, em algum lugar...
Bate à porta, sons suaves... Alguém me chama - imagino a face ser do amado
Trazendo nas mãos o coração embrulhado - um presente!
Nos lábios, um sorriso, e um doce pedido de desculpas.
Escuto novamente as batidas e traduzo, são seus, os sons... Apressa-te... Entre!
Num comboio de palavras submersas, escuto – sou eu, vértebra de Eva; Minuano do sul.
Abra-te! Deixe-me entrar! Se demorares a abrir, derramo-me por debaixo da porta
Derramo saudades...


Texto e criação de Adriana Vargas de Aguiar, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

Um comentário:

amandio sales disse...

Texto lindo e esta musica do Chico é massa, te amo rainha

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