Precisava de um gole denso de algo que fosse capaz de me trazer a realidade, por longos anos, durante os minutos que se passavam no relógio, o ponteiro era apontado para mim; precisava fazer algo, mas não sabia por onde começar; onde estava o trago doce ou amargo da salvação?!
O relógio ainda vagava descomunal por entre os algarismos obsoletos, mas era para mim, que o ponteiro ainda apontava - O que fazer quando se é cobrado para viver, e a miséria que constrói morada em si resmunga às espreguiçadas... Quer apenas que eu sobreviva por entre o caos traduzindo o lamaçal que cobria os tornozelos cansados de andar e deixar suas pegadas sujas por aonde ia... Todos conseguiam me achar! Todos! Os rastros da imundice não me permitiam o isolamento total, em um lugar que eu pudesse estar definitivamente só até que o último suspiro quebrantasse o fio de vida que ainda me restava.
Era covardia desistir sem olhar para o retrovisor...
Olhei...
Um susto ressuscitou o que eu insistia esquecer...
Olhei pelo retrovisor, a paz que eu tive quando a fé era parceira.
Vi os olhos de minha mãe me olhando enquanto me via entrar na escola em meu primeiro dia de aula.
Vi que meu pai sempre gastava todo o seu salário com a família, e jamais reclamava que o seu sapato estava velho demais.
Tive nova oportunidade em ver os olhinhos de meu primeiro bebê quando nasceu - nos olhamos em vez primeira com a sensação de quem sempre nos amamos, mesmo quando ela ainda não existia.
Hum! Aquela prova que estudei tanto; madrugada afora foi assim... Tirei uma nota três, e não morri por este motivo.
Vi minhas mãos jogando as flores brancas por cima do caixão de minha avó, sabendo que nunca mais a viria, e diante disso, a dor por não ter lhe dito “muito obrigada por tudo que fez por mim”... Quando eu tinha medo do escuro e precisava ir ao banheiro... Quando não conseguia dormir, e ela me contava aquelas histórias de sua infância sacrificada na roça...
É engraçado, o espelho me revelou um monte de fatos que eu não conseguia me lembrar mais... E estão a todo tempo registradas em meu DNA, e mesmo assim... Por que insistia em esquecê-los?
Por que queria morrer com tudo isso guardado em mim, sabendo que não fui infeliz o tempo todo, mesmo diante da dor, há um conto bonito de sentir, e às vezes, era somente isso para bastar o eco de um vazio inválido... Migalhado... Inútil.
Olhei para o relógio - o ponteiro havia deixado de me apontar à vida, pois a vida que me apontava agora, a direção.
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Cantinho do novo autor
Quero lhes apresentar, o último livro que será sorteado em agosto. Um livro polêmico, que vai mexer com o preconceito arraigado de pessoas que não consigam aceitar como normal, aquilo, ou aqueles que lhes são diferentes. Gostei muito da forma como Gustavo escreve, amarrando as retinas da gente em suas palavras, poderia ser qualquer tema, ele escreveria com magnificência.
Apresento-lhes - ENTRE NÓS DOIS de Gustavo Silva
Entre nós dois conta a história de Zach e Jack; ambos foram separados quando bebês e se reencontram após 23 anos. Um sentimento amoroso começa a tomar conta dos dois que se aproximam após um beijo sem intenção, sem ensaio durante uma festa.
Diante de dilemas como preconceito e dúvidas, ambos encontrarão forças nas amizades, na família e, principalmente, no amor entre os dois.
Nunca subestime a morte. Ela é a única certeza que se tem na vida e, dificilmente resistiremos ao seu convite; Aconteça o que acontecer seja forte... A vida continua.
Esta é mensagem do livro.
Texto e criação de Adriana Vargas de Aguiar, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.
20 comentários:
Quantos livros ^^
Adorei a idéia de divulgação do blog ^^
Estou seguindo já
Obrigada pela visita
Beijos
Bruna
http://desbravandohistorias.com.br/
Minha linda!
gostei muito do seu poema. Gostei imensamente da forma como explora a imagem e a textura que faz sentir em quem lê...
Bravo!
Alô, Poetisa!
Espero te fazer feliz com este pequeno comentário!
Mas, como se insinua no teu texto, a felicidade assim como a sua negação, nunca é duradoura.
Felizmente, senão se confundiria com a mesmice!
A felicidade são aqueles momentos que se destacam do cotidiano, e que ficam gravados na nossa memória, para serem lembrados com saudade.
São todos esses retalhos da vida, que tão bem descrevestes aí em cima!
Abraços, e boa noite!
Quantos livros,Querida!
Parecem ser bem interessantes ;)
Parabéns pela iniciativa!
E quanto a seu texto:
"Olhei para o relógio - o ponteiro havia deixado de me apontar à vida, pois a vida que me apontava agora, a direção."
Simplesmente belo!
Gosto de textos que deixa-nos a refletir :)
Beijos
Ótima semana pra ti!
Drisph
"(...) mesmo diante da dor, há um conto bonito de sentir(...)".
Os Ponteiros do relógio são como os dedos da mão: acusam-nos das nossas fraquezas mas, também, nos incentivam a seguir o rumo que traçamos. Tenhamos, nós, a Força para sabermos ser fiéis ao que para nós desejamos.
Beijo
SOL da Esteva
http://acordarsonhando.blogspot.com/
Nossa, achei o texto super lindo. Acho a idéia do relógio tão poética! Assim como trens, que eu também acho super poéticos.
Gostei do livro que apresentou, parece ser bacana!
beijos!
bom dia poetisa, ja te sigo ja algum tempo.Moro em CAMPO GRANDE/MS desde 93. Sou escritora tambem e ja participei de alguns projetos de literatura do estado. Abraço
Valeria
Eis-me aqui, aguardando o sorteio. Gostei do que li e vou manter este hábito. Boa sorte.
P.S.: Claro que sitei seu blog no meu, rs.
Obrigado pela visita, terei o maior prazer de estar ouvindo a tuas melodias porque também a ponta da minha caneta rima, as vezes sem sentido mas com uma grande dose de emoção! Beijinhos
Dri
Adorei estar no teu Blog e agradeço teres lembrado de mim.
.
Beijo do ZÉ
Olá Adriana
meu e-mail que você solicitou é retalhosdoquesou@gmail.com.
Qualquer um dos livros se ganho, será super bem vindo.
Sucesso a você e todos os escritores. Que sejam muito lidos.
Beijos!
Que viagem a gente faz ao ler esse texto. Tão intenso, tão real.
Fez-me marejar os olhos nessa viagem.
Obrigada por partilhar essa emoção.
Beijo na alma
Saudaçõe Poéticas!
Muito original a ideia de, assim, divulgar a literatura!
Terá certamente sucesso.
Felicito vivamente a tua criatividade. Agora vou ler-te...
Abraço!
AL
OLA ADRIANA ESTIVE AQUI DE NOVO...CURTO MUITO LER VOCE..
Obrigada pela visita! Também gostei de conhecer o teu blog! Nossa, quanta produção. Vou voltar outras vezes,com mais calma... E aguardo tuas visitas, também! Ah, e já ficarei torcendo para ser uma das sortudas!!! Abs. Marion
Que a semana comece com o azul do firmamento,
O verde da esperança .
Que paz e o amor esteja presente em sua vida.
Não posso digitar tudo que sinto,
mais posso te afirmar que
minha amizade será para a eternidade.
Beijos no coração com infinito carinho e ternura,Evanir.
creia é uma tortura ñ da para comentar fico triste pois nem todos entende.
Fiquei muito lisonjeado pelo elogio que me fez. Leio sempre,e princialmente hj na tua página; determinação e talento, é um prazer ter a companhia de teus escritos Drisph. Que este ponteiro te aponte sempre bons destinos.
Beijos, Alex
Parabéns prá você!!!
Hoje dia 25 de julho é um dia dedicado a homenagear o escritor brasileiro, aquele que elabora artigos científicos, pautados em verdades comprovadas, ou textos literários, divididos em vários gêneros.
Obg por caminhar junto comigo nas letras...
Bjsssssssssssssss
Gostei da tua visita a O Canto do Albatroz. O teu projecto é aliciante. Provocaste a curiosidade de visitar este Blog cheio de interesse. Acho o teu projecto entusiasmante e arrojado. Vamos nessa.Dá notícias. Quero estar nele.
Adriana:
Estou meio enrolada nesse blog, não sei se estão sendo publicados meus comentários. Em todo caso, esse é mais um teste. Bjs,
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