sexta-feira, 27 de julho de 2012

Profissão que eu não queria





‘O quê? Ser professora? Desgastar a minha pessoa, semana após semana, preparando aulas que não serão aproveitas? Aturar dia após dia filho mal educado dos outros? Ficar me estressando com notas e mais notas de trabalhinhos de recuperação para não ter que passar o natal dando conta de prováveis repetentes? Naaah, muito obrigada, não quero. Taí a última profissão que eu escolheria na vida! Vou ser veterinária!’ (determinação máxima modo on).
Todo mundo faz questão de me lembrar que eu falava isso quando era menor. Principalmente uma certa prima, que nasceu no dia 15 de outubro e que eu viva atormentando, falando que ela estava condenada a ser professora. Mordi a língua. Hoje ela é uma senhora dona de casa e quem tem a licença para ensinar filho dos outros sou eu.
Mas, como já diz um velho e sábio ditado, ‘Nunca julgue um livro pela capa’, e o mundo seria bem melhor se não tivéssemos a incrível capacidade de sempre ignorar o ‘nunca’ do começo dele.
Dar aulas é desgastante, estressante, mal remunerado, você tem que lidar com filho peste dos outros e perder grande parte da sua vida fora da escola com correções, notas, trabalhos, planejamento de aulas... Pode perguntar para qualquer um que trabalha na área se é assim ou não.
Porém, será que ninguém lembra de contar da parte de que uma palavra dita por um professor pode mudar a vida de um aluno? Aquela parte dos alunos fazerem você sorrir com um texto mal escrito? E também aquela parte do ‘você não é capaz de ensinar para seus 40 alunos em um mês o que 40 alunos podem te ensinar em apenas um dia’?
Só estando na frente de uma sala de aula repleta de adolescentes conversando e trocando bilhetinhos é que se pode perceber quantas possibilidades estão na sua frente. Aquele menino com cara de poucos amigos pode no futuro descobrir a cura de uma doença rara. Aquele outro estabanado pode ser o recordista mundial em algum esporte. Aquela menina quietinha que fica em um canto pode se tornar a um ícone da cultura popular. Já aquela outra que sempre prestava atenção em tudo o que você dizia pode se tornar a maior golpista dos últimos tempos... Tudo depende de alguém acreditar. E quem a melhor pessoa para cumprir essa tarefa do que o professor? Quer seja para o bem ou para o mal, são eles que vão continuar escrevendo a história desse mundo... E essa história passa por você.
Ser professor não é uma carreira para quem nunca quer sair do lugar. É a carreira para quem quer ver o brilho do futuro, quando ele ainda é apenas uma pequena fagulha.
Sou professora, sim! Não tenho tamanho, não tenho cara, não tenho a voz potente o suficiente para pedir silêncio. Mas tenho a consciência de que essa profissão que eu não queria ainda vai me trazer muitas surpresas. Quer sejam boas ou sejam ruins, tudo depende de saber aproveitar... e valorizar.  

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Escrevi esse texto em 2007, e hoje já não estou mais em uma sala de aula (o chamado das letras foi mais forte, e agora sou redatora). Porém, continuo dando aulas, cursos, palestras e promovendo encontros e eventos para crianças e jovens... A sensação de poder acreditar no futuro dessa maneira ainda é a mesma :D      
                

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo!
O sucesso deste blog depende de sua participação.
Comente!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...