Marcas

Quatro pés cortam as areias de uma praia qualquer, possivelmente com pensamentos semelhantes e embrulhados no mesmo sentimento. Quantas vezes  essas mesmas areias acompanharam o mesmo recorrente evento? Impossível avaliar, talvez as ondas pudessem servir de melhor juiz e contar algo, mas não podem! Rápidas e volúveis, lambem a areia e nem prestam a atenção devida, querem apenas seguir, em seu ir e vir constante. Inocentes, apagam as pistas.

O vento, tanto quanto a água do mar, movimentado pelas marés, é outro que apenas acompanha e depois, vai soprar em outro lugar. A única testemunha em que se possa, talvez, confiar, é o Sol, mas é muito esquentado, melhor não perguntar nada. Então, restou um lugar, guardado a sete chaves, em que ninguém, que não esteja autorizado, pode entrar e longe dos efeitos da natureza.

É onde está a lembrança das ondas, nascidas das marés e que ajuda a criar o vento. Onde está a lembrança da areia morna e do cheiro do mar. É onde está a lembrança dos pés, abrindo sulcos na areia, deixando para trás, as marcas, em um sinuoso caminho. Mais tarde, muitos terão passado por ali e misturado todos os passos, mas a lembrança manterá viva, a cena ocorrida. Marcas da vida, que nunca, ninguém, deveria esquecer.

As marcas tristes servem de alertas e as marcas felizes, como saudade.

Texto e criação do autor J.C.Hesse, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.