sexta-feira, 1 de março de 2013

Cachoeira




As emoções fluem em minhas veias como um rio em velocidade violenta de descida. Cascatas de palavras jorram pela minha boca, algumas ofendem porque eu quero, outras alcançam mais fundo do que eu gostaria e rasgam tecidos que julguei inalcançáveis.
Depois que falei, imediatamente me arrependo. Engulo com amargor. Antes minha língua viesse com senha, dessa forma eu me demoraria destravando-a e não inflamaria palavras apenas pela impulsividade da raiva ou da frustração. Veneno ou combustível, queima e corrói.
A intenção era magoar o outro, entretanto percebo que minha alma também foi estilhaçada pelo tiro que lancei. O fogo apazigua. Chove arrependimento. Estou no fundo do poço... e este vai enchendo.
Arrependimento não mata, mas afoga. Sem fôlego, não consigo pronunciar as desculpas que almeijo. Engasgo com palavras e morro no meio do caminho, tentando nadar contra ondas que eu mesmo criei.
Se ao menos amar fosse mais fácil...

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Por Mariana Mello Sgambato, que foge de ondas. Formada em Comunicação Social – Produção Editorial na Universidade Anhembi Morumbi com diploma em Criação de Roteiro para Produções. Entre suas publicações estão: Beijos & Batom (2012 – 22ª Bienal do Livro de SP), Segredos de um amor de Verão (2013) e Lembre-se de Morrer (2013), todos pela Editora Modo.

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