terça-feira, 21 de junho de 2011

TRECHO DO MEU LIVRO - O Oitavo pecado capital - o pecado de um anjo.



— Venha! - ele me pegou no colo e caminhava rumo à gruta. Iria entregar-me a ele como jamais imaginaria ser em estado consciente; fechei os olhos e ouvia os anjos tocando harpas, um momento se estendia entre o real e os sentimentos; fugiria com ele, casaria com ele, se tivesse a coragem de abrir os olhos e continuasse a sentir a mesma sensação; se não fosse um devaneio; um sonho olímpico, quem em pouco tempo, se dissiparia no ar, como fez Hermes com os seus cavalos de fogo... Entregar-me-ia, eu não tinha outra escolha absolutamente honesta, se não fossem alguns gritos que interromperam seus passos.
— Minos! Minos! Corra! – Vipsa parecia aflita.
Minos pôs-me no chão e saiu correndo em direção à casa de Asterion. Algo me dizia que a sua vida mudaria a partir daquele momento, inclusive o plano de fugir comigo.
Ao chegarmos a casa, deparamos com Asterion, deitado em seu leito de morte, ofegante e com os olhos quase se fechando, ele pegou a mão de Minos e disse — A partir deste momento, torna-te, então, Minos, o candidato ao reino de Creta – ele pausou, com alguma dificuldade em falar, puxou o ar para os pulmões— Para isso, filho, precisa cumprir uma tarefa, um pedido de Posídon, pedido este que acatei de pronto.
— Diga o pedido, Asterion, estou aqui para atendê-lo; sinto-me preferencial aos olhos dos deuses, e o farei tudo quanto for possível para agradá-los.
— Um touro será enviado por Posídon, do fundo do oceano, e sua missão será sacrificá-lo. Ao matá-lo, o sangue derramado do touro sobre a terra, beneficiará a todo homem, a vegetação e aos animais; suba ao trono e construa seu palácio, eu... Garanti a Posídon, a sua capacidade – novamente, buscou um punhado de ar e pediu — Reine com força, fibra e coragem, rei Minos – cerrou os olhos e deixou de respirar.
Minos curvou-se diante do rei morto e colocou as suas mãos no chão, dizendo algumas palavras de reverência àquele que, além de seu rei, fora o pai de criação, o homem que havia o ensinado a lutar; a ser o homem que tinha se tornado. No ar, um misto de tristeza e respeito. No chão de cerâmica, vi gotas de lágrimas pingando dos olhos de Minos, e numa pronúncia de reconhecimento e profunda estima, ouvi um “muito obrigado” de seus lábios tementes. Entendi o motivo pelo qual, jamais poderia fugir comigo.
Passos atrás de nós, jovens guerreiros em posição de reverência saudavam o rei morto; traziam consigo, uma peça grande de linho, que em formato de rede, foi posto dentro, o corpo do Asterion com algumas pétalas de rosas brancas por cima de seu tórax. Caminhávamos até o mar, com os soldados cantando uma canção em um dialeto que não se compreendia. Depositaram a rede no chão, posicionaram atrás, a um metro de distância e fizeram um novo reverenciamento. Após alguns instantes de silêncio, Minos soltou um grito, que foi seguido pelos demais, apossaram-se novamente da rede onde estava o corpo de Asterion, e lançaram-no para o mar. Com a queda do corpo na água, levantou-se uma parede d’água, e todos no local puderam ouvir a voz de Posídon recebendo Asterion nas profundezas do oceano. 


Texto e criação de Adriana Vargas de Aguiar, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

Um comentário:

Marli Carmen disse...

Maravilha!!!!!!!!!!!!! O livro está no booktour do meu blog! É um sucesso esss escritora! Que prazer conhecê-la e poder ajudar na divulgação!!

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