quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A minha letra estúpida


A esta hora da madrugada, quando acordo para sentir, nada me compraz; somente uma dor esguia que moldura a alma de modo a buscar consolo na escrita; não que eu viva imensamente mergulhada no caos e abismos onde somente chegam os fracassados, mas aprendi a não mediocrizar o sentimento; quando ele vem, e que venha, mesmo as 03:26 da manhã, após ter adormecido, amortecendo o espaço vazio - em branco, e acordado para a realidade. Vejo-me tal qual aos mendigos emocionais que não conseguem embalar a própria dor, e eles, como a mim, pedem incessantemente por algo que quero esquecer... E continuam pedindo... Qualquer coisa que seja - dê-me uma dose de ilusão para viver; como se um ponto desprezível no espaço, fosse aos olhos desprovidos de amor, subjugado na carência do mínimo necessário para sobreviver...
Então ouço o lamentar das folhas secas sendo arrastadas pelo vento que não dorme, mesmo a essa hora da madrugada; que talvez nem entenda estas palavras mal traçadas pelo desfortúnio de ficar todos os dias reinventando grotescas esperanças no intuito de alcançar os olhos loucos de alguém que me trará a vida se conseguir ler a um ser que pensa, que sente e desenha suas formas de sentimento num papel mesquinho, não poderá transformar sua dor em fortuna - compre-me! Estou no livro; não pela quantidade de donativo que se expressa em um quase donativo, porém, pela tradução do que seus olhos conseguem ver, ou o coração sentir que meu ofício, tem valor em sentimento... Não poderei pedir, que seja, o combustível necessário a minha sede, que hoje é densa em (ab)sorver de teu reconhecimento...
As miseras moedas que me são depositadas no chapéu, após a apresentação do que sei fazer, não alcançam a graça que tem,  conseguir voltar a respirar, após o lento desabafo por sobre a caneta... O seu dinheiro não compra, nem se quer a caneta que utilizo para tanto,  e lá estou... Outro dia - pague por um e leve dois! a ânsia opulenta em acreditar que o capitalismo vai vencer os desafios pelo qual passa o escritor que ninguém quer ler; leio-me, e mesmo assim, não me preencho a ponto de deixar de usar mais os dedos e o coração em busca do alivio imediato, este é o combustível que necessito para sentir os ventos do meu arfar e as marés das minhas veias, somente eu, sei o que se passa dentro de um coração que é meu; que não sabe rimar, apenas transformar em letras aquilo que sinto, e mesmo assim, ainda chamam meu desabafo de poesia, um mimo que apazígua a dor de não se alcançar o que ainda não mereci; com este mimo, sinto-me apoiada apesar de saber que não tenho a muleta; sinto-me impulsionada, apesar de saber que não tenho a impulsão; sinto-me amada, apesar de não ter quem me ame... agarro-me com robustez a ideia de que a prática sábia do sentir é melhor do que a própria sabedoria, que os ignorantes morram felizes, se no ultimo suspiros, aprenderam a chorar.
Tento no intento a chamar a atenção do leitor menos sagaz, como se minha vida dependesse disso... E dependia, não consigo se quer, ver-me respirando fora de meu balão de oxigênio que se tornou os seus olhos... As letras imbecis, obtusas, quase hipotenusas... Mentecaptas, escapam-me! Não querem se juntar para ver minha franqueza fracassada diante de meu próprio descaso em não aceitar ser o mendigo com seu chapéu de abas, por ser novato, não se tem a credibilidade, e se fosse velho, seria ultrapassado... Como a poesia que morre ao relento, por não ter ninguém com o chapéu a passar diante de leitores que esperam pela saga dos vampiros; ou a ficção cientifica que decola as barreiras do sensato... As pessoas querem fugir da dor... Velejar no irreal, enquanto o poeta, no real, vive e morre, falando do sentimento que o alimenta em um mundo que não quer sentir... Um mundo que quer esquecer que existe o sentimento; quer ser herói para vencer a dificuldade que é sobreviver diante das lástimas do cotidiano. E assim continuo...


A minha letra a turvar.
Intrépida. Sagaz.
Estúpida.
revolto-me... 




                                                                                       LEIA!

  

Texto e criação do autora Adriana Vargas de Aguiar, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.



LIVRO DA PROMOÇÃO DE OUTUBRO!


Nesta obra, as reações adversas e distintas das pessoas diante da paixão e de seus reveses. Pessoas diferentes com reações singulares diante de um amor profundo e arrebatador.Ações, das vezes simples, que levam a reações antagônicas, capazes de alterar sobremaneira a trajetória de toda uma existência. Na medida em que os vários personagens vão confessando as peculiaridades do seu passado, o leitor, e somente ele conseguirá compreender este instigante quebra cabeças e desvendar enfim todos os mistérios que cercaram e foram determinantes na vida de pessoas que tanto se amaram.

5 comentários:

Everson Russo disse...

Um cenário forte, intensos sentimentos, muitas e muitas coisas e sombras rondam o coração e a alma...grande beijo de bom dia pra ti querida amiga.

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Minha amiga entendo bem o que você desabafou de forma tão bela neste texto, nossos escritos são nossos filhos, filhos de nossa alma, e nós os amamos muito, zelamos por eles e vibramos quando alguém diz um simples "gostei", bem te entendo, é tão difícil um lagar para nossos escritos no mundo, sabe tenho feito trabalho de revisora para alguns escritores "novos" e tenho viajado no sonhos deles, nossa sinto como se seus livros fossem meus afilhados, e eles sentem a mesma coisa que você que eu, beijos Luconi

eder ribeiro disse...

Teus escritos é como navalha na carne, por isso, verdadeiro e intenso, não fere os olhos, causa paixão por lê-los. Bjos.

Severa Cabral(escritora) disse...

Boa noite minha menina linda!
Não sei ao certo;se estou em falta com vc ou é vc comigo,kkkkkkkkkkk,não importa,pois estou bem pertinho de ti...
Aqui sei que vc lava sua alma quando escreves pq dedicas ao mundo...
Estou tão atarefada esses dias que quase não sobra tempo...
Bjsssssssssssssssss

Mário Cravo disse...

OLÁ ADRIANA!!!
EXCELENTE DESABAFO. A VIDA DE UM ESCRITOR/A É SIMPLESMENTE DIFICIL.
TEM UM BOM FIM DE SEMANA. BEIJOS...

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