domingo, 21 de agosto de 2011

O jardim que não lhe pertence by Adriana




Prometo ser breve...
Não mastigarei as minhas razões, assim só pelo avesso, para te dizer das coisas que eu gostaria que fossem, e não foi... Não! Seria desperdiçar emoções que mais pareceriam tolas, como um ponto luminoso no céu bordado de estrelas...
Não te falarei de sentimentos rejeitados, nem tão pouco do que consegui semear escondido em um canto onde seus olhos jamais alcançariam, porém, me magoam com facilidade, por ser eu, ainda uma menina, que esqueceu de crescer, e que tem o fiel defeito de se apaixonar por tudo quanto meus olhos se prendem, seja na cor bege daquele seu casaco que tanto gosto, ou nos fios grisalhos de seus cabelos que acabam de nascer, mostrando-lhe que a idade avança no tempo, e que enfim... Não somos mais super heróis...
Recolho-me como alguém que fecha seu guarda-chuva após perceber que andou por tanto tempo em uma rua deserta acreditando se proteger de algo que ainda nem tinha chegado... A chuva não veio, e ela continuou... Andando inocentemente feito a uma moça comportada, porém, má... Chora a noite em seu berço esplêndido quando ninguém mais vê, pois seu orgulho a impede de expor os seus pedacinhos que lhe serviria como a um bonito colar de contas. Contar-lhe-ia que fui vilã, e que em muitas vezes desejei o que não podia, e que mesmo assim, avançaria em um assalto a mão armada se fosse preciso roubar o que me torna algoz dos seus olhos famintos - seu coração que já devorou tudo que havia em mim...
Conto na pele as digitais suas que imaginei encontrar, uma cá, outra acolá... Queria apenas a certeza de que você existia e que de algum modo, poderia valer a pena... 
Rebelde, tola e teimosa... Peço-te apenas uma coisa, além de todas as outras que não consegui falar... Não subestime o coração de uma loba, ou ela te salva; ou, ela te mata... Em qual lado você se encaixa? Do lado que o coração não viu? 
Fico aqui... Tensa... Perplexa... Mais um dia, com sua imagem por dentro, pisando descalço em um jardim que não lhe pertence, mas que fui cultivado inspirado em você.


Texto e criação da autora Adriana Vargas de Aguiar, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.



*****




RESENHA DO LIVRO   POR LEIA KIUSKI


  “Relata a história do Sr. Braga, fazendeiro muito rico que viveu no Vale Azul, durante o século XX, antes de ser abduzido por um OVNI. Cerca de duzentos anos depois, retorna ao Vale sem ter conhecimento do tempo transcorrido. Por isso, recebe com grande choque a notícia de que todos aqueles que conhecera, incluindo familiares e amigos, já haviam falecido há muitos e muitos anos. Sua casa ainda estava lá, mas seus atuais moradores eram estranhos para ele. Não tinha dinheiro nem documentos, e sua única amiga era sua tetraneta Sara, uma garotinha com apenas seis anos de idade. Tem início, então, sua luta pela sobrevivência e sua adaptação às mudanças tecnológicas e sócio-culturais que ocorreram após seu desaparecimento.
  Além de mexer com a imaginação do leitor, Maria Alice aborda temas polêmicos e nada convencionais de forma sucinta fazendo com que o leitor reflita sobre o assunto. Fala sobre religião, os avanços da medicina, a possibilidade da ciência vencer a barreira da morte, política, corrupção, e até tem uma visão bem otimista sobre o desenvolvimento da humanidade em termos sociais.
Todas essas idéias aparecem aos poucos, mescladas com a vida cotidiana dos personagens. O leitor acompanhará de perto o dia a dia dos descendentes do Sr. Braga, suas tragédias, conquistas e romances. E também terá a chance de perceber as mudanças que vão ocorrendo, sutilmente, no caráter do personagem principal e sua adaptação à nova sociedade.”
Leia mais no blog: http://leiakiuski2.blogspot.com/  

11 comentários:

Felipe Fagundes disse...

Oi, Adriana

Seu blog acaba de receber esse selinho: http://fecheicomele.blogspot.com/2011/08/um-selinho-com-muito-amor.html

Abraços.

Simone MartinS2 disse...

Nossa! Amei teu escrito de hoje, e sempre assim, plantamos o amor, semeamos, cuidamos e de repente, querem se fazer outros donos, querem nos expulsar com ervas daninhas, enfim, querem tirar o que de direito é nosso...nossa vida, nosso jardim, colorido, bem cuidado, feito pra mim...bjin e parabens gostei muito, ate me empolguei!

Artes e escritas disse...

Sobre a abdução, excelente tema para um livro. Quanto ao texto, cada um tem a sua natureza e, apesar dela, somos humanos, uma personagem repleta de emoções. Um abraço, Yayá.

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Adriana um texto extremamente forte, nos mostrando uma personagem que vê o lindo amor cultivado no jardim do seu coração pisoteado e aí a reação ninguém pode calcular, cada um tem a sua, uns recebem isto como uma lição, outros se fecham em mágoa e choram até extingui-la, outros como a personagem se voltam contra quem tão grande dor causou, gostei muito, agora o livro tem um tema muito bom, abdução é tema atual, e o fato de voltat tanto tempo depois o desloca totalmente do espaço que vivia antes, no mínimo o enredo nos instiga a querer saber como ele e o mundo a sua volta irá lidar com isto, beijos Luconi

amandio sales disse...

Falo-te Dri você é um máximo sempre vibro por você
não é atoa que vejo-te um espetáculo um ser humano incrível a pessoa que mais admiro em minha vida o meu carinho é teu e sempre será beijoss

Leonel disse...

Elevada carga de emoções neste desbafo apaixonado!
Bem no seu estilo!
Boa semana, Adriana!

Unknown disse...

Muito bonito mesmo o texto, e a resenha então bem forte que deixa o leitor refletir.....

bjos

Philip Rangel
http://entrandonumafria.blogspot.com/

O Profeta disse...

Um barco parado no cais de espera
Amarras soltas do frio ferro
Uma gaivota adormeceu sem penas
Uma criança chora no meio do aterro

Cheio de penas amarro a alma
Uma saudade arrocha meu peito
Sou um caçador de nuvens breves
Um romântico sem ponta de jeito

Um barco de papel perdido do norte
Roseira plantada num campo de pedras nuas
Uma casa perdida da sua cidade
Um labirinto feito de mil e muitas ruas


Doce beijo

Smareis disse...

Oi Querida! Que lindo seu texto. Tem muita emoção encanto, sensibilidade.Parabéns!
Desejo um ótimo começo de semana cheio de coisas maravilhosa pra você. Um beijo!
Smareis

Unknown disse...

Perfeito , cada vez eu fico mais admirado.

Denis Lenzi disse...

Wow! O texto que me atingiu em cheio. Lindo e poderoso. Adriana tem talento de sobra para escrever tudo nos papeis o que ela pensa e sente sem nenhum medo. Os leitores agradecem à você por trazer os trabalhos maravilhosos para serem lidos e apreciados. Sucesso ai, Dri!

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