domingo, 2 de outubro de 2011

Antítese perfeita



Tu. Só tu.
Tudo o resto estava enevoado, apagado, desinteressante, parado, petrificado e morto em comparação com a magnitude da tua silhueta e atos: de ti.
Era só eu. Era somente tu. Éramos somente nós.
Os teus cabelos dançavam livremente ao som de velhos e rezingões ventos roucos. Eram de seda e brilhavam mais do que qualquer astro, criatura, paisagem: tudo.
Os teus olhos… Ah, os teus olhos… Esses eram dóceis, assertivos e penetrantes. Tinham a capacidade de alterar qualquer “não” para “sim”, qualquer “talvez” para “certamente”. O teu sorriso era conciso, atraente e distinto. Originou mitos e mil e uma canções de apaixonados trovadores.
O teu corpo era um intrigante mistério, englobando longos labirintos insolucionáveis, impenetráveis e inigualáveis. A conjunção de todas estas peculiares características resultava em ti: simples e complexa: perfeito.
Num (demasiadamente) curto instante, o teu olhar disse que sim, que aceitava; que queria. Tudo foi exequível nesse momento. O infinito ficou a uns míseros metros de nós, pronto a ser pisado, usado e abusado.
Em instantes, o mundo era somente uma pequena esfera azul como eu; tu; nós - queríamos modelá-la.
A palavra amar era um eufemismo demasiado grande para o turbilhão de trepidações que me fervilhavam nas veias. Nesse momento, vaguei sem rumo pela infinidade de ruas e vielas que o teu corpo oferecia. Estava perdido: não me queria encontrar. O meu único desejo era (sobre)viver em e de ti. O meu único desejo era que aquele momento perdurasse indefinidamente, como um longo sopro que se prolonga sem barreiras ou limites.
O meu único desejo era não ter desejos.
Esse momento, sorrateiramente, acabou. O que és agora? Uma faca cravada com bruteza nas minhas memórias: um corte profundo, renitente e pertinaz: tu.
Foste tudo, não sendo quase nada. Foste a antítese perfeita, enquanto eu queria que fosses uma simples metáfora da vida…




Texto e criação do autor, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

15 comentários:

Evelyn Dias disse...

"Foste tudo, não sendo quase nada. Foste a antítese perfeita, enquanto eu queria que fosses uma simples metáfora da vida…"

Simples assim, incrível!

Abraços!

Cleide disse...

Mto bom! Parabéns!

Saiu a primeira resenha do booktour...
Passa lá: palavrasaventureiras.blogspot.com
Bjos

Marli Carmen disse...

Oi Adriana!! parabéns pelo novo lay do blog!! está muuuito lindo! Beijinhos

Fernando Soares disse...

E haja cabeça (e letras... muitas letras!!!) para entender - ou pelo menos suportar - as antíteses do amor e da paixão!!!
Excelente post!

Unknown disse...

UM OLHAR O QUE NAO É CAPAZ!!! Viajei nesse olhar esenti este corte profundo...!
Como sempre textos suplicantes, envolventes!
Grande Beijo
Irene Moreira
Equipe da Vitrine de Promoções

Unknown disse...

Adriana: Parabéns pelo maravilhoso texto. Vc escreve divinamenbte. Bjs.

amandio sales disse...

Adriana arrasa no que faz sou teu fã!
Beijos!
Vamos participar das promoções do blog!
Eu quero e você quer?

Sthe disse...

Que lindo que está aqui!

Irene Moreira disse...

EU QUERO PARTICIPAR DA PROMOÇÃO SIGA E CONCORRA"

Adiana

Cada vez que leio um texto teu fico emocionada!
Quando sentimento que rasga a alma e se joga de cabeça nessas palavras que nos deixa em silêncio.

Beijinhos

Elvira Carvalho disse...

Um texto deveras envolvente.
Um abraço e uma boa semana

Renata disse...

Já quando eu comecei a ler pensei: "foi a Adriana que escreveu este". Você tem uma sensibilidade que fica evidente no que você escreve.
Parabéns!

Bjs!

Maxwell Soares disse...

Parabéns pelo texto. Foi ótimo encontrá-lo. Òtimo blogger, também...

Anônimo disse...

Olá, vim dizer que fiz um post sobre a promoção que esta acontecendo: http://trilhas-culturais.blogspot.com/2011/10/promocao-no-blog-clube-dos-novos.html , abraços

Romances Policiais disse...

"EU QUERO PARTICIPAR DA PROMOÇÃO SIGA E CONCORRA"
"A palavra amar era um eufemismo demasiado grande para o turbilhão de trepidações que me fervilhavam nas veias"
Acho que é exatamente assim quando nos apaixonamos, não há descrição melhor.
Bjs

RUDYNALVA disse...

Adriana!
Gosto muito dos textos escritos na 2ª pessoa do singular, dá um tom de êxtase!
Leio o livro: Oitavo Pecado de uma xará sua a Adriana Aguiar e me deleito com ele, pois também está escrito na 2ª pessoa.
cheirinhos
Rudy

"EU QUERO PARTICIPAR DA PROMOÇÃO SIGA E CONCORRA"

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