quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Pequeno Grande Homem



Um homem estava parado no alto do penhasco, de frente ao sereno mar prateado, onde o céu está parcialmente nublado, permitindo a passagem da faixa de luz pálida do sol a tocar na superfície de água cristalina que ondula de maneira hipnótica. As gaivotas arruam, voando próximo a ele. De longe, no horizonte havia uma presença de um barco de pescadores.

Seus olhos, pequenos, porém, ternos que não conseguem disfarçar a presença de algumas rugas ao redor de seus olhos marcados pela experiência difícil da vida desde a terna infância roubada, quando vendia amendoim para sobreviver em um bairro empoeirado e pobre, de sua adolescência rebelde sem causa; brigava e criava confusão na escola. Viveu muitas aventuras e farras loucas em sua juventude sofrida, lidando sempre com doenças na família. A mãe que sofreu acidente vascular cerebral e teve derrame de um lado do rosto de maneira permanente. O pai alcoólico sofrendo de mal de Parkinson; a irmã adotiva com múltipla deficiência, e de vez em precisava cuidá-la,  como levar ao médico e escola especial.

Enfim, na faixa de seu trinta anos, em completo estado de maturidade serena e resistente a todas as situações, somente ele saiba como superá-las e triunfá-las, sempre com a mente voltada a Deus e a vida. Diante de todos os infortúnios, jamais abriu a boca para reclamar da vida que tinha. O que mais importava é cuidar de si mesmo e valer-se da vida que tem.

O homem olhava para o mar em busca de paz interior. A paz que ele mais necessitava depois de passar por um turbilhão de problemas familiares, recuperando-se do susto, deparou com sua mulher sofrendo de câncer de mama; ela mal acabara ter um bebê. O bebê teve de ser amamentado por uma mamadeira com o leite em pó recomendado pelo médico, e o homem temia pela vida da mulher,  que  amava muito.

Ele permanecia parado em frente ao mar; seus ternos e dóceis olhos avermelhados pela sua sensibilidade que aflora por dentro, traziam uma grande bagagem de experiências e várias emoções que valeram a pena viver, as quais deixaram um grande aprendizado de vida. Sentia a alma transportar-se com tamanho orgulho pela força que tem; uma força de leão com o coração de pomba; sempre auxiliando as pessoas que mais necessitavam, através de conselhos adquiridos pela experiência própria de vida.

Este pequeno grande homem possuia várias facetas. O bom, o brincalhão, o sério, o porra-louca, o aventureiro, o paternal, o baladeiro, o briguento, o afetuoso, o amoroso; Este mesclado de sentimentalidades o tornara um ser humano muito especial. Pessoa igual a ele não se encontra por aí, só daqui a mil anos. Ele representa centenas de peças que formam uma bela arte de quebra-cabeça, formando um ser criatura multifaceta.

Quem é este ser pequeno grande homem com mania de viver a grandeza, mas com coração incompreendido e julgado por todos? Um homem que sobreviveu de um parto prematuro aos seis meses da gestação de sua mãe. Sempre seguiu em frente enfrentando muitos obstáculos que a maioria das pessoas talvez não conseguiriam enfrentar; caindo na bebedeira, na droga, e até mesmo tentativas de suicídio. Ele não se acovardava. Encarava os problemas numa boa com frieza e serenidade, pois o mundo lá fora é uma verdadeira selva. Tanto os problemas de dentro de sua casa, quanto aos do mundo selvagem lá fora, ele nunca fora de reclamar. Vez ou outra, chorava, chorava para tirar a dor e o peso que sentia por dentro para depois sentir-se revigorado.

O pequeno grande homem em vez, ou outra aprontava como uma criança, mas ele é um ser humano como qualquer um, possui falhas. Ninguém é perfeito. Ele sorriu; sorriu por tudo. Sente-se bem e que continuou fazendo o que sabia fazer de melhor: viver de bem com a vida que Deus lhe deu.

Não tardou muito afastar do penhasco e entrou no carro, o qual uma linda menina de cabelos castanhos escuros, com um vestido amarelo, dormia tranquilamente no banco de trás. Ligou o motor e partiu para casa; sua esposa lhe esperava para um delicioso churrasco.

Texto e criação do autor Denis Lenzi, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

9 comentários:

Lucas Repetto disse...

A leitura deve ser como esta de Denis, robusta de um grande conhecimento e grandeza, mas que possa ser alcançada pelos olhos de simples e humildes leitores. Eu particularmente gosto de ler desde aquele texto que me necessite um dicionário em mãos como também aquele simples texto que me basta ter um coração.

Parabéns por este trabalho. Excelente e envolvente conto.

Denis Lenzi disse...

Obrigado Lucass! Que bom que gostou do texto. Abraços!

Poliana Araújo disse...

Oi, tudo bom?
Tem um vídeo muito especial lá no blog sobre nossa parceria, espero que possa ver. Bjs *-*
http://tinyurl.com/3leoaf8

Giovana Schneider disse...

ótimo texto e , muito envolvente...PARABÉNS.

ABRAÇO CARINHOSO E FRATERNAL ...

GIOVANA

Cesar S. Farias disse...

Problemas... quem não os tem? O que faz realmente a diferença é como encaramos eles. "O Pequeno Grande Homem" inspira-nos a atitude correta.

Jakeline A.Pinho disse...

Obrigada por apoiar (:
Será sempre bem-vindo!
bjos

Anônimo disse...

No inicio, pensei que o personagem cometeria suicídio, mas depois, fui surpreendido pela reação do mesmo, que agradeceu a vida que recebeu, e voltou para sua esposa. Parabéns ao autor.

Sthe disse...

Muito Legal (:
PARABÉNS, beijos :)

Rosane Fantin disse...

Quase diariamente tenho contato com homens e mulheres como esse Pequeno Grande Homem, Denis. Brasileiros que enfrentam de cabeça erguida todas as dificuldades que a vida lhes impõe e que, ainda assim, dão graças à vida. São anônimos que foram lindamente homenageados neste seu conto.
Parabéns!
Um beijo!
Rosane

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