Tinha medo de olhar para trás e, não olhava!
Ofegava!
Os sons eram confusos! Atemorizado, corria sem rumo certeiro, sentindo vento e areia na epiderme, dividia a batida do coração com o lamentar dos pássaros, até que a curiosidade tomou-lhe de ímpeto.
“Os equívocos estão perdidos
E se estão perdidos
É por que saíram de lugar!”
Para Benjamin o destino seria cruel ou piedoso? Seu palpitante coração não o ajudava! A simplicidade da chance da curiosidade latente firmou na dureza de seus lábios rígidos do frio. Os olhos arregalados de feição carinhosa embriagada com o susto analisaram aquele ser...
A eternidade andava por entre os dois, apreciava tépida e arrogante, ergueu os braços, em sintonia com excelência temporal, mostrou-se afável ao encontro, transformou o imutável tempo geográfico em profunda vagareza apaixonante!
Imóvel, ele parecia saber de tudo, foi lançado ao destino aquele encontro, carregados impiedosamente um ao outro. Na ponta dos pés aproximou-se, deixando a luz cobrir seu corpo, o brilho reluzia em simplicidade e beleza movediça.
O menino de boca aberta deu um passo adiante. Sem entender exatamente o que acontecia ali, esticou as minúsculas e frágeis mãos, sabe-se lá o que encontrar!??
“O novo é a espinha dorsal do medo
O novo é o caminho da ignorância
O novo é a ignorância ao avesso!”
Ainda tentou fugir, mas depois do primeiro passo o retorno é uma condição inviável, então, logo desistiu da idéia descabida. Explodindo de vontade quem foge? Benjamin, apesar de assustado consistia em uma importante chuva rítmica de sólida audácia.
O silêncio, onipotente, era mais que a última pétala da primavera. Tornando o futuro quieto e invisível. O corvo tinha autoridade sobre a vida, mas não qualquer vida, Benjamim seria a razão proposital. Alheios a tudo e, com suas próprias formas, pareciam espelhos, os olhos falavam por eles, dentro de cada um pairava uma solidão triste e vazia, panorama orgástico de conflitos existencialistas. O coração abdicou da voluptuosa sonoridade rítmica.
“A calma é consciência oblíqua
Consciência é o oxigênio
Oxigênio é a cor da vida!”
Benjamim via, naqueles olhos, uma criança, mas ele sabia que era um Corvo. Sua mente dilacerava com a interrogativa, nunca tinha visto um Corvo Azul no mundo, nem nos livros mais mirabolantes! Logo o prenuncio da ação primogênita: o corvo abriu suas, longas e azuis, asas brilhantes, selecionou um vôo e atacou o céu, rasgando-o em beleza!
“Beleza é símbolo
Símbolos são exemplos
Exemplo é magia!”
Como o poeta pode descrever tal momento? Se nem o próprio Benjamim o poderia!? Pensou que era isso que ele queria ser quando crescer: Um Corvo! E de preferência azul! Queria voar! Impávido corria, mas sem a fúria de outrora, corria flutuante, os braços elevados ao céu, descobriam o desejo da mente. E o menino esqueceu o que fizera chegar tão desesperado até ali! O coração do pequeno estava curado. As mazelas humanas foram apagadas!
Na cidade, no Bairro, na Rua e até na Casa, ninguém se deu por falta de Benjamim, na sua ultima tarde naquele âmbito, andava de bicicleta. A solidão era companheira constante, o esforço de maltratá-la era inútil! As tentativas formavam fúria de olhares repressores. Risos amargos. Janelas de sonhos não vividos! Desejo imperativo de ser exilado! Mas o céu era distante demais. Até que o pequeno menino pisou no escuro, cuspiu no fogo, matou a morte!
“O medo nos acompanha
O medo é fronteira
Fronteira entre: liberdade e opressão!”
Assombrado com um carro que passou por sua bicicleta correu até a praia! Encontrou o Corvo! A Sorte lhe foi generosa!
E enquanto beirava juntamente com o primeiro e novo amigo se imaginava igual. A atmosfera elegantemente regulava a brincadeira, a lentidão soltou a flecha da eternidade e soprou, junto aquela alma ferida, pétalas misteriosas de liberdade. Tão grande a arte poética do cenário que a mão da eternidade resolveu decifrá-lo: as penas azuis do Corvo brilharam tanto que cegou o menino, que ao nada ver, sorriu, ao abrir os olhos voava. Voava como um lindo Corvo Azul. Na cidade todos corriam para ver aqueles pássaros raros. Benjamim não via mais o Corvo e sim outro menino ao seu lado, desfrutando as extremidades! Ele sabia a outra história, mas para que falar disso?
Lilian Farias
Texto e criação do autor, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.
8 comentários:
Lindas palavras, que bem colocadas criaram uma magnífica viagem.
Meus parabéns!
Que leitura gostosa e cheia de sentimento-vivo. Transgredir o rumo dos questionamentos. Viver o âmago de si. Sonhar. Buscar. Seguir e não temer (ou ter muito medo, mas seguir mesmo assim).
Constancia na menção de si para outro que é a ele mesmo. Benjamim deve ser um primo perdido do Pequeno Príncipe. (viajando)
E a ilustração? Belíssima.
Parabéns!
Ótimo texto... PARABÉNS !!!
ABRAÇO CARINHOSO E FRATERNAL ...
GIOVANA
Olá Adriana, eu já estou lhe seguindo.
Eu desejo todo o sucesso.
Beijos
obrigada, amigos!
Oiii *-* Que texto incrível!!'
Adorei, me deixou arrepiada, louca pra ler um pouco mais *-*
Beijos, Nanda
www.julguepelacapa.blogspot.com
Muito lindo... Obrigada, Lilian, por nos brindar com um texto tão cheio de emoção.
Beijo!
Rosane
Lilian!
Que texto mais criativo e lúdico.
Transporta-nos a infância e a inocência!
Bom final de semana!
cheirinhos
Rudy
" Eu apoio os novos autores"!
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com/
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