terça-feira, 10 de julho de 2012

Um barco de folhas


Este texto é parte do livro, Diário do Zézu. Caso haja interesse em ler parte do que há no diário, basta acessar aqui. Divirtam-se e mostrem seus trabalhos.

Voltamos a caminhar e cinquenta metros à frente, um córrego, com pouco mais de cinco metros de largura. Tecno já ia começar a entrar na água, para atravessar.

_ Onde pensa que vai, rapazinho?
_ Atravessar!
_ Esta água só pode ser bebida ou navegada!
_ Deve estar brincando, posso ver o fundo. Nem barquinho de papel flutua aqui!
_ Meu jovem, se digo que não é para atravessar a pé, não é! Apenas obedeça! Aguardem aqui, aproveitem para saciar a sede.

Abaixei e peguei um gole de água e bebi, senti minha sede ficar saciada. Pedi que Tecno experimentasse a água e teve a mesma sensação. O pequeno cão deitou e ficou quieto, apenas nos observava.

_ Vou atravessar, dar uma rápida olhado do outro lado e já volto! - Tecno ameaçou pisar na água e o cão saltou, ficando muito próximo das pernas de Tecno, rosnava e mostrava os dentes. Tecno saltou para perto de onde eu estava e o cão voltou para o seu lugar, deitando novamente.

_ Que foi? Não ia atravessar? - Brinquei.
_ Melhor esperar, não é mesmo? Este bicho não gosta de mim.
_ Acho que ele apenas obedece o que o velhote pede. - Também fiquei intrigado com o bicho, mas não foi isto que mais intrigou.

_ Tecno, olhe as suas mãos!
_ JC, seu rosto, sumiram os machucados.
_ Será que foi a água?
_ Não sei! Vou lavar os braços e ver o que acontece.
_ Também vou. - desta vez o cão não fez nenhum movimento. Parecia saber exatamente o que iríamos fazer.

Lavamos nossos braços e realmente, alguns minutos depois, não havia mais nenhuma contusão. Comecei a registrar tudo que estava acontecendo até ali. Algo me dizia que se não o fizesse, poderia esquecer de algo. Mais alguns minutos e o velhote voltou, carregava um punhado de folhas, pensei que faria uma fogueira.

Preparava-me para perguntar sobre a água e ele atirou as folhas dentro da água. Um redemoinho se formou e uma canoa de folhas surgiu, praticamente do nada. Tecno adiantou-se e começou a apalpar. Olhava para mim e tentava dizer algo, apenas olhei para o velhote. Ele pegou o seu cachorrinho e subiu, entre as folhas, Tecno o acompanhou, maravilhado.

Quando subi, a bordo, vi que realmente eram folhas. Estavam dispostas como escamas, formando o casco da embarcação. Pensei ser um barco inflável, mas olhando de perto via que não poderia ser.

_ Mas como? Como fez isso?
_ Na mata, há muito o que pode ser utilizado em nosso benefício, mas estão destruindo tudo.
_ Mas como? A pouco a água curou nossos machucados. E agora isto, um barco de folhas?
_ Quem é você? - Fiz a pergunta e no mesmo instante embarcação arrancou. Somente o velhote e o cão ficaram de pé, provavelmente sabiam do que iria acontecer. Segurei na borda e levantei o corpo. A embarcação deslisava sobre as águas, como se fora uma lancha, mas sem motor.

A velocidade diminuiu e logo estávamos dentro de uma lago, chegamos na sua beirada e descemos. Quando todos colocaram os pés no chão firme, o barco simplesmente desapareceu, desfez-se.

_ Quem é você? - Eu já imaginava a resposta.
_ Zézu, a seu dispor. - Cai sentado.


Texto e criação do autor J.C.Hesse, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

Um comentário:

Fê Falleiro disse...

Oie,
Vou acessar o link pra ler mais um pouco, mas já essa parte achei muito boa.
bjoss

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