Embora uma arma de
defesa, o escudo sempre foi considerado uma arma de vital importância.
Assistimos filmes passados em épocas antigas e junto com as espadas e machados
notamos a força do escudo. Sim, precisamos nos defender quando estamos em
batalha.
Mas e quando esta
batalha é a vida? Quando estamos armados até o topo da cabeça com uma armadura
pesada e mais um escudo em nossos braços bem a frente de nosso coração,
impedindo que se machuque ou mesmo que se abra?
Não falo
aqui só no coração aberto para viver uma relação afetiva, enamorar-se,
apaixonar-se. Isto também, mas falo de uma forma mais ampla. Falo do escudo que
nos protege de tudo aquilo que no fundo queremos ser e viver. Falo do escudo
que nos dá a sensação de uma vida tranquila e segura e da qual temos total
controle, mas que não nos permite ousar. Falo do escudo que não nos deixa
entrarmos em contato com aquilo que mais tememos em nós, pois achamos que
evoluímos, passamos para um outro patamar, e certos sentimentos não mais
nos pertencem. Falo de um escudo que nos impede de vivermos as experiências da
vida e com elas podermos nos conhecer melhor, mesmo não gostando das partes
sombrias, mesquinhas e sórdidas que julgamos não ter mais enquanto sustentamos em
nossa frente o poderoso escudo de proteção.
Proteção de quê? -eu
me pergunto! Proteção das ilusões que criamos de nós mesmos? Proteção da nossa
tranquilidade e por consequência da nossa passividade? Proteção de nosso ego,
exprimido, arrogante e frágil?
Pois na vida,
verdadeiro guerreiro é aquele que corre nu pela floresta sombria. Verdadeiro
guerreiro é aquele que sente em suas mãos apenas a carícia do vento. Verdadeiro
guerreiro é aquele que conhece o inimigo quando este realmente se apresenta
desafiando-o. Verdadeiro guerreiro é aquele que sabe que cada desafio é uma
oportunidade de aprimoramento e crescimento. Verdadeiro guerreiro é aquele que
almejamos ser, julgamos ser, mas na verdade quase nunca somos; pois o
verdadeiro guerreiro vai à luta, se expande, se permite, se entrega e não fica
apenas sentado em um trono.
Queremos realmente
comungar com a vida? Queremos realmente nos conhecer? Então precisamos estar
cientes que também iremos conhecer nossas partes desagradáveis,
inseguras, e medíocres. Porém só assim nos veremos inteiros! Para isto sugiro
que penduremos o nosso “poderoso” escudo em nossa parede - com certeza ele
servirá de uma bela decoração – e saiamos porta afora, rumo à vida, rumo ao
desconhecido, de peito aberto, sem armas nas mãos, apenas com a coragem no
coração, e quem sabe, entoando uma singela oração!
Por Anna Leão. Todos os
direitos reservados.
3 comentários:
Eu serei sincero......sempre estou de escudo.
Tem toda razão Anna, só expostos aprendemos a criar os anticorpos necessários à vida. Claro que não precisamos sofrer, para aprender, mas é importante saber, que quanto maior o escudo, menos se pode ver à frente.
Abraços.
J.C.Hesse
Isso mesmo, Hesse, "quanto maior o escudo, menos se pode ver à frente." Pense nisto, Renato!
Abraço aos dois!
Anna
www.annaleao.com.br
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