META MORFOSE ENTRE NÓS Ou CLÍMAX
Lá estava ela, mais uma vez com olhar de tempestade, tomada
na face por lágrimas, seu coração era um turbilhão,
ainda assim, sabia que a vida lhe era gloriosa!
Sentou no chão para contemplar seu velho amigo,
que apesar de não cuspir as palavras, tinha ciência que
a ajudaria, pois só as águas do “velho rio” poderiam levar
embora suas mazelas... Logo repousou os pensamentos e,
gloriosamente, solicitou que a dúvida fosse leve como a
pluma, que o medo estivesse acorrentado e fosse cego pela
luz da sabedoria!
Ela evocava e acreditou que merecia ser atendida!
De todos os caminhos, jamais poderia imaginar qual
seria o melhor, se a realidade referia-se a ela com a pureza
imaculada dos anjos, como, então indagar? Pensou.
O anjo foi roubado, podado, humilhado em sua melhor
fase. E o tépido gosto da raiva amargurava sua vida.
Em cada parede, agora, encontra-se um trecho dessa
história. Mas, ela sabia que ali conseguia sentir o aroma
que outrora era só pureza!
Baixou a cabeça e pensou: o mundo, se criado para os
anjos, do contrário, não pode haver total submissão ao nefasto
horror da obscuridade.
Sabia que as lágrimas não iriam apaziguar suas dores,
nem fazer esquecer, nem mudar o rumo da jornada, nem
diminuir. Mas, foi com as lágrimas que conseguiu desafogar
a alma das palavras não ditas.
Olhou os barcos em seu velho amigo, indo e vindo,
pessoas que passavam, que iam, que viam... Compreendeu
que o dia uniu-se a noite percorrendo as estrelas, que logo
iriam repousar no mar.
O medo tinha um fardo muito pesado e que, logicamente,
jamais poderia alcançá-la. Que poderia ser uma
lembrança para não ficar cega pela coragem e perder-se
nas montanhas do desequilíbrio.
Deduziu que todas as palavras de sua vida nunca foram
desprovidas de sentidos! Que nunca encontrou um grito
sem resposta! Que o silêncio também é um grito! Que todas
as vezes que remou contra a maré era porque a maré
a guiava! Que para o erro não existia justificativa, mas que
todo erro era proposital a um acerto! Que a saudade doía,
mas que pertencia aos bons! Que a noite é bela e profunda e
que o dia brilha para todos! Que todo suicida é louco! Que
a vida é curta! Que os poetas interpretam a sabedoria divina!
Pôde acorrentar a tristeza ao medo, onde seriam apenas
companheiras de território. Território que nem o tempo
encontraria e jamais nenhum homem poderia chegar.
Viu que os horizontes eram eternos.
Que a vida era como uma novela e ela era a autora, atriz principal,
coadjuvante etc. Sabia que as coroas de flores possuíam espinhos, mas,
mesmo assim, valeria à pena... Recuperou a fé!
O mundo era seu abrigo, a música a acompanhava, os
anjos a confortavam, as estrelas serviam de cobertor, as nuvens
de travesseiro, e a lua a velava. Pensou na morte como
um recomeço!
Nos olhos não encontrávamos mais tempestade, só esperança.
Ergueu-se, abanou para o amigo, virou as costas e
em doce gargalhada sentiu-se borboleta!
Texto e criação do autor, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.
3 comentários:
Adorei!
Ao mergulharmos na solidão de uma bela paisagem as respostas geralmente aparecem. Belíssimo.
Lindo texto, profundo, cheio de significados e rico em mensagens. Congratulações a Lilian!!!
Postar um comentário
Seja bem-vindo!
O sucesso deste blog depende de sua participação.
Comente!