sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Encontros para a liberdade - LIlian Farias




META MORFOSE ENTRE NÓS Ou CLÍMAX

Lá estava ela, mais uma vez com olhar de tempestade, tomada
na face por lágrimas, seu coração era um turbilhão,
ainda assim, sabia que a vida lhe era gloriosa!
Sentou no chão para contemplar seu velho amigo,
que apesar de não cuspir as palavras, tinha ciência que
a ajudaria, pois só as águas do “velho rio” poderiam levar
embora suas mazelas... Logo repousou os pensamentos e,
gloriosamente, solicitou que a dúvida fosse leve como a
pluma, que o medo estivesse acorrentado e fosse cego pela
luz da sabedoria!
Ela evocava e acreditou que merecia ser atendida!
De todos os caminhos, jamais poderia imaginar qual
seria o melhor, se a realidade referia-se a ela com a pureza
imaculada dos anjos, como, então indagar? Pensou.
O anjo foi roubado, podado, humilhado em sua melhor
fase. E o tépido gosto da raiva amargurava sua vida.
Em cada parede, agora, encontra-se um trecho dessa
história. Mas, ela sabia que ali conseguia sentir o aroma
que outrora era só pureza!
Baixou a cabeça e pensou: o mundo, se criado para os
anjos, do contrário, não pode haver total submissão ao nefasto
horror da obscuridade.
Sabia que as lágrimas não iriam apaziguar suas dores,
nem fazer esquecer, nem mudar o rumo da jornada, nem
diminuir. Mas, foi com as lágrimas que conseguiu desafogar
a alma das palavras não ditas.
Olhou os barcos em seu velho amigo, indo e vindo,
pessoas que passavam, que iam, que viam... Compreendeu
que o dia uniu-se a noite percorrendo as estrelas, que logo
iriam repousar no mar.
O medo tinha um fardo muito pesado e que, logicamente,
jamais poderia alcançá-la. Que poderia ser uma
lembrança para não ficar cega pela coragem e perder-se
nas montanhas do desequilíbrio.
Deduziu que todas as palavras de sua vida nunca foram
desprovidas de sentidos! Que nunca encontrou um grito
sem resposta! Que o silêncio também é um grito! Que todas
as vezes que remou contra a maré era porque a maré
a guiava! Que para o erro não existia justificativa, mas que
todo erro era proposital a um acerto! Que a saudade doía,
mas que pertencia aos bons! Que a noite é bela e profunda e
que o dia brilha para todos! Que todo suicida é louco! Que
a vida é curta! Que os poetas interpretam a sabedoria divina!
Pôde acorrentar a tristeza ao medo, onde seriam apenas
companheiras de território. Território que nem o tempo
encontraria e jamais nenhum homem poderia chegar.
Viu que os horizontes eram eternos. 
Que a vida era como uma novela e ela era a autora, atriz principal, 
coadjuvante etc. Sabia que as coroas de flores possuíam espinhos, mas,
mesmo assim, valeria à pena... Recuperou a fé!
O mundo era seu abrigo, a música a acompanhava, os
anjos a confortavam, as estrelas serviam de cobertor, as nuvens
de travesseiro, e a lua a velava. Pensou na morte como
um recomeço!
Nos olhos não encontrávamos mais tempestade, só esperança.
Ergueu-se, abanou para o amigo, virou as costas e
em doce gargalhada sentiu-se borboleta!




Texto e criação do autor, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

3 comentários:

Poesia na alma disse...

Adorei!

Cesar disse...

Ao mergulharmos na solidão de uma bela paisagem as respostas geralmente aparecem. Belíssimo.

Anônimo disse...

Lindo texto, profundo, cheio de significados e rico em mensagens. Congratulações a Lilian!!!

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