Mais um trecho de Abissal, estou amando entrar nesta fase da história. Adrian revela-se um ser de pouco ou nenhum escrúpulo. Mas porque adiantar, não é mesmo? Curtam esse pequeno trecho, que explora parte da psique deste personagem.
Vários
monitores permitiam a Adrian, acompanhar tudo o que se passava dentro
do complexo. Meticuloso, mantinha tudo sob controle. Para completar,
suas crianças, seus robôs, se incumbiam de manter a ordem. Atrás
de sua poltrona estava Winnie, ainda desacordada. Precisava levá-la
ao laboratório e submetê-la ao procedimento de transformação.
Logo, todos seriam como ele e assim, não precisaria se moldar ao
mundo, teria um mundo só seu. Ninguém mais se preocuparia com
beleza ou forma harmoniosa, ele resolveria todos estes problemas.
Agora, precisava entender o que estavam fazendo, seus hóspedes.
_
Que será que querem fazer, pensam que podem fugir ao meu controle?
Tolos! Vou pegar primeiro este fortinho, que está acabando com
minhas portas. Para ele, vou mandar três robôs, deve ser mais que
suficiente, verá o que é bom. Como estou com um na oficina, me
restaram ainda, três, mandarei dois ao encontro deste tal de Iandro
e com um subjugo as duas que ficaram cuidando do doente. Vão,
crianças, anulem estes rebeldes.
Em
minutos os robôs alcançam o primeiro grupo. O objetivo é fazer uso
do fator surpresa. E conseguem, mas logo surge um outro robô e o
caus volta a se instalar. Adrian leva uma fração de tempo, para
entender o que está acontecendo. Suas atenções acabam ficando
divididas, entre um dos prisioneiros dá uma grande demonstração de
força e destrói as pernas dos robôs e depois amaça-lhes as
cabeças. Atordoado, Adrian, vê um quarto robô, embora semelhante,
não entende de onde poderia ter vindo. Então cai o último ser
cibernético, antes que pudesse lhe passar o comando.
Em
outro monitor, seus robôs, como que possuindo asas, voam,
descrevendo parábolas, dentro do apertado corredor. Depois começam
a se chocarem, um contra o outro, logo não passam de um amontoado de
metal retorcido. Por fim, algo os arrasta para o centro do corredor e
junta todos os pedaços, formando uma grande bola de metal. Em
seguida, são jogados contra as portas fechadas.
Então
o derradeiro golpe de misericórdia é desferido, surge mais uma
pessoa, alguém que não fazia parte do grupo. Antes que o robô
chegasse até a sala em que estavam as mulheres e os enfermos,
simplesmente ele é levantado do piso e desmontado em pleno ar. As
peças são depositadas organizadamente, pelo corredor. A pessoa olha
para a câmera e aponta para ele, chocando-o ainda mais, deixando uma
pergunta entalada em sua garganta, “como poderiam”. Ao olhar para
trás, procurando por sua irmã, a poltrona em que estava, ficara
vazia. No monitor, surge a imagem da pessoa, segurando sua irmã no
colo. Desesperado, sai correndo da sala e dá de frente com quatro
pessoas.
Texto e criação do autor J.C.Hesse, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.
3 comentários:
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Não sei se é porque acabei de assistir o filme Metrópole mas esta sua narrativa me lembra aquelas antigas séries de ficção. Eu adorava!
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